ETNOBOTÃNICA DE PLANTAS MEDICINAIS COMERCIALIZADAS EM MERCADOS PÃBLICOS DO NORDESTE BRASILEIRO / ETHNOBOTANY OF MEDICINAL PLANTS SOLD IN PUBLIC MARKETS OF THE BRAZILIAN NORTHEAST

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

18/01/2012

RESUMO

Segundo a OrganizaÃÃo Mundial de SaÃde, medicina tradicional à a soma das experiÃncias prÃprias de uma cultura, utilizada para prevenir, tratar e curar doenÃas fÃsicas e mentais. No Nordeste brasileiro, o uso de plantas medicinais como prÃtica terapÃutica està constantemente presente. Nesse contexto, os mercados pÃblicos abrigam os herbanÃrios, orientadores do uso e preparo de plantas, conservando a transmissÃo oral. A etnobotÃnica surge como mediadora entre os discursos cientÃfico e tradicional, envolvendo o fator cultural e sua interpretaÃÃo. O objetivo deste trabalho foi investigar as prÃticas populares e tradicionais de uso de plantas medicinais comercializadas em trÃs mercados pÃblicos do Nordeste brasileiro. Caracterizou-se como observacional, descritivo e exploratÃrio, realizado nos mercados SÃo SebastiÃo, CearÃ, Central de JoÃo Pessoa, ParaÃba e SÃo JosÃ, Pernambuco, no perÃodo de fevereiro a agosto de 2011. Aplicou-se um questionÃrio abordando questÃes socioeconÃmicas, sobre o comÃrcio de plantas e informaÃÃes sobre cada espÃcie vegetal vendida. Participaram 33 herbanÃrios cadastrados nesses mercados, destes, 57,6% do sexo feminino (n=19), 24,2% possuÃam mais de 60 anos de idade e 96,9% eram naturais do Nordeste (n=32). Em relaÃÃo à escolaridade, 42,4% concluÃram o ensino mÃdio (n=14). Vendiam em mÃdia 40 unidades de espÃcies vegetais por dia, sendo a remuneraÃÃo inferior a um salÃrio mÃnimo mensal em 28,5% dos casos (n=6), dentre os que responderam essa questÃo. O tempo mÃdio de trabalho nesse ofÃcio foi de 16 anos. Utilizavam como fonte de conhecimento as relaÃÃes interpessoais 37% (n=29), e 9,63% jà participaram de algum treinamento sobre o manejo de plantas medicinais (n=3). Do total de espÃcies citadas (n=311), chegou-se ao nÃmero de 43 coincidentes nos trÃs mercados. Calculou-se a importÃncia relativa (IR) , sendo as plantas de maior destaque: alecrim (IR=1,87); jatobà (IR=1,72) e eucalipto (IR=1,44). ApÃs identificaÃÃo botÃnica do material-testemunho, confirmou-se a indicaÃÃo popular para o alecrim (Rosmarinus officinalis L.). As amostras de jatobà fornecidas por fornecedores do Mercado Central de JoÃo Pessoa estavam infÃrteis, impossibilitando a identificaÃÃo precisa (Hymenaea aff courbaril.). Jà as do Cearà e Pernambuco, foram identificadas como Hymenea stignocarpa Hayde O eucalipto comercializado era o Eucalyptus citriodora, o qual, segundo à literatura cientÃfica, deveria ser utilizado como desinfetante domÃstico. Foi observado, tambÃm, o Fator do Consenso do Informante (FCI), sendo o tratamento para transtornos do sistema respiratÃrio o mais prevalente (FCI=0,65), apresentando 64 espÃcies citadas e 17 tipos de usos distintos reportados. A ausÃncia de atividades em grupo prejudica a qualidade desse ofÃcio, colocando em risco a saÃde da populaÃÃo que recorre aos herbanÃrios na esperanÃa de cura para seus males. A realizaÃÃo de oficinas educativas sobre o uso adequado de plantas medicinais poderia qualificar essa profissÃo, estimular a entrada de mais pessoas nessa atividade e (re)conquistar da sociedade brasileira o reconhecimento das prÃticas populares e tradicionais do uso de plantas medicinais.

ASSUNTO(S)

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