ESTUDOS QUÍMICOS E FARMACOLÓGICOS DA LIPPIA GRACILISSCHAUER. / STUDIES OF CHEMICAL AND PHARMACOLOGICAL Lippia GRACILISSCHAUER.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

23/03/2012

RESUMO

O gênero Lippia apresenta grande potencial farmacológico e terapêutico e possui aproximadamente 200 espécies de ervas, arbustos e pequenas árvores, apresentando um perfil consistente de composição química e atividades farmacológicas, terapêuticas e culinárias. O objetivo deste trabalho foi estudar aspectos químicos e farmacológicos da Lippia gracilis Schauer (Verbenaceae), conhecida popularmente por alecrim do campo, proveniente do banco de germoplasma da Universidade Federal de Sergipe. Assim, este estudo foi dividido em duas partes: na primeira buscou-se estudar aspectos relacionados aos constituintes apolares da L. gracilis, presentes no óleo essencial (OE) obtido das folhas de plantas submetidas ao estresse hídrico (sazonal) e sem estresse. A composição dos constituintes do OE foi estudada com a utilização da cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (CG/EM) e suas atividades anti-inflamatória e antinociceptiva estudadas em modelos in vivo. Como resultados, verificamos que quatro compostos foram encontrados em maior concentração nos OE (independentemente das plantas terem sido submetidas ou não ao estresse hídrico): timol, p-cinemo, metil timol e carvacrol. Como a composição química dos OEs foi muito similar, escolheu-se trabalhar com o OE das plantas submetidas ao estresse hídrico nos ensaios in vivo. Para tanto, os animais (n=6/grupo) foram inicialmente prétratados com o OE (50, 100 e 200 mg/kg, v.o.), veículo (tween 80 a 0,2% em salina, 10 mL/kg, v.o.) e ácido acetilssalicílico (AAS, 300 mg/kg, v.o.) ou dexametasona (Dexa, 2 mg/kg, s.c.), dependendo do modelo experimental, 1 h antes do início dos experimentos. A atividade anti-inflamatória foi avaliada utilizando-se os modelos de edema de pata (ratos Wistar, 120-180 g) e peritonite (camundongos Swiss, 20-30 g) induzidos por carragenina. O tratamento dos animais com o OE na dose de 200 mg/kg reduziu de forma significativa (p<0,01) o edema induzido pela carragenina (1%, 100 μL/pata) em todos os tempos mensurados (1, 2, 3 e 4 h após a indução do edema). De forma similar, o AAS reduziu (p<0,05) a formação do edema em todos os tempos. No modelo de peritonite, todas as doses do OE (50, 100 e 200 mg/kg, p<0,01), bem como a dexametasona (p<0,001), foram capazes de reduzir a migração de leucócitos induzida por carragenina (1%, 250 μL, i.p.). Para avaliação da atividade antinociceptiva utilizouse o modelo de contorções abdominais induzidas por ácido acético (0,6%, 100 μL/10g, i.p.) em camundongos (Swiss, 20-30g). Observou-se que todas as doses do OE foram capazes de reduzir (p<0,05) a nocicepção induzida pelo ácido acético, sendo que com a dose de 200 mg/kg do OE observaram-se efeitos semelhantes ao AAS (p<0,001). Na segunda parte do presente estudo, os constituintes polares foram estudados in vitro, utilizando-se os ensaios de avaliação da atividade antioxidante do ABTS (2,2-azino-bis (3-etil-benzolina-6-sulfonado), FRAP (poder antioxidante de redução do ferro) e DPPH (2,2-di(4-tertoctilfenil)-1-picrilhidrazil), com o composto de referência sendo o trolox, um análogo da vitamina E. A composição química dos extratos aquoso e alcoólico obtidos das folhas da L. gracilis, foi avaliada por cromatografia líquida de alto desempenho acoplada a espectrometria de massa (HPLC/EM). Através dos perfis químicos dos extratos obtidos por HPLC/EM, foi possível identificar três compostos majoritários com intensa atividade antioxidante: luteolina-C-6-glucosídeo, luteolina-C- 8-glucosídeo e carvacrol. Em ensaios in vitro, verificou-se uma maior atividade antioxidante (40%) do extrato alcoólico quando comparado ao aquoso, independente do solvente utilizado para a dissolução. Os três compostos majoritários foram testados isoladamente, além de terem sido comparados com compostos antioxidantes de ação conhecida, como quercetina e luteolina. As atividades detectadas dependeram claramente do ensaio utilizado e da estrutura do composto. O carvacrol apresentou maior atividade no ABTS, quando comparado com as luteolinas, porém atividade inferior no DPPH e no FRAP. Em todos os ensaios, a luteolina-C-6-glucosideo apresentou valores maiores que a luteolina-C-8-glucosideo. A L. gracilis representa uma fonte potencial de antioxidantes, além de possuir atividades anti-inflamatória e antinociceptiva. Este é o primeiro relato de detecção das luteolinas C-6 e C-8 glucosídeo na espécie Lippia gracilis.

ASSUNTO(S)

lippia gracilis plantas medicinais inflamação dor antioxidantes agronomia lippia gracilis medicinal plants inflammation pain antioxidants

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