Estudos das alterações do comportamento e da resposta psicofarmacológica em ratos sobreviventes de sepse

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A sepse é um estado fisiopatológico multifatorial agressivo, caracterizado por uma resposta inflamatória decorrente da reação do sistema imunológico a infecções, causando, assim, uma doença com implicações clínicas relevantes, cujas taxas de incidência vêm aumentando nos últimos anos, com alto índice de mortalidade, se tratando de uma das maiores causas de óbito nas unidades de terapia intensiva. Estudos recentes demonstram que mesmo os sobreviventes à sepse de unidades de terapia intensiva apresentam alterações de memória, de atenção e de concentração. Nesse contexto, além dos estudos que envolvem humanos, os modelos animais de ligação e perfuração cecal (CLP) são clinicamente relevantes, pois produzem uma inflamação generalizada similar àquela observada durante a síndrome da resposta inflamatória sistêmica e a sepse, mimetizando diversos aspectos da sepse polimicrobiana em humanos e permitindo um estudo mais aprofundado da relação entre alterações metabólicas e inflamação, e alterações do sistema nervoso central. Através de três experimentos se avaliou: as alterações comportamentais em ratos sobreviventes de sepse após 10, 30 e 60 dias; a resposta dos facilitadores de memória em ratos sobreviventes de sepse após 10 e 30 dias; e o efeito do antidepressivo imipramina no nado forçado em ratos sobreviventes de sepse após 10 dias. No primeiro experimento foram utilizados seis testes comportamentais: habituação ao campo aberto; memória de reconhecimento de objetos; esquiva inibitória; esquiva inibitória de treinos contínuos; labirinto em cruz elevado e de nado forçado. No segundo experimento os animais receberam injeções de salina, de epinefrina (25μ/kg), de nolaxone (0,4,mg/kg), de dexametazona (0,3,mg/kg) e de glicose (320mg/kg), e realizaram o teste de esquiva inibitória. No terceiro experimento receberam injeções de imipramina (10mg/kg) e realizaram o teste do nado forçado. No primeiro experimento, após 10 dias da sepse os ratos apresentaram déficits nos testes habituação ao campo aberto, esquiva inibitória, memória de reconhecimento de objetos, esquiva inibitória de treinos contínuos e nado forçado; após 30 dias de sepse apresentaram alterações nos testes esquiva inibitória de treinos contínuos, esquiva inibitória e nado forçado; e após 60 dias todos os déficits de comportamento foram revertidos. No segundo experimento houve reversão do dano de memória com a utilização dos facilitadores de memória após 10 e 30 dias de sepse. No terceiro experimento observou-se o aumento no tempo de imobilidade do rato e a reversão após o uso de imipramina. Assim, os resultados indicam uma piora no aprendizado e na memória dos ratos após 10 dias da sepse, que se reverteu parcialmente em 30 dias, e completamente após 60 dias; que as vias de formação de memória nos ratos sobreviventes de sepse responderam aos facilitadores de memória; e que a imipramina reverteu os sintomas de depressão avaliados no teste de nado forçado nos ratos sobreviventes de sepse.

ASSUNTO(S)

memÓria neurociÊncia antidepressivos sepse psicotrÓpicos medicina medicina

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