Estudos clínicos sobre os fatores de risco e a resistência à insulina na diabetes mellitus em cães

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2013

RESUMO

A diabetes mellitus canina (DMC) é uma doença multifatorial e de crescente incidência nas últimas décadas. Apesar do quadro diabético no cão estar associado à perda da capacidade de secreção de insulina para manutenção da glicemia, alguns mecanismos associados a esta perda de função ainda não são bem conhecidos. Acredita-se que o processo possa estar envolvido com exaustão de células beta secundário a hiperglicemia crônica, especialmente nos casos onde há antagonismos hormonais presentes, ou quando fatores de risco ambientais parecem estar envolvidos. O objetivo deste trabalho foi avaliar em uma população de cães diabéticos atendidos entre 2004 e 2011, através de diferentes desenhos de estudos retrospectivos, qual o papel que diferentes fatores de risco (FR) ao desenvolvimento de DMC tiveram nestes casos, incluindo-se também uma revisão bibliográfica sobre as inter-relações entre ciclo estral e DMC. Em um estudo retrospectivo inicial em busca de casos de remissão de diabetes secundário a resolução de condições relacionadas à progesterona, foi caracterizada seis pacientes em remissão após castração, sendo que em três delas o fator progesterona-dependente presente foi piometra, e nos outros três casos os fatores foram diestro, gestação e síndrome do ovário remanescente. O segundo trabalho buscou a criação de um questionário (QSTo) para avaliação da exposição à diferentes FR, ou de proteção, ao desenvolvimento de DMC, bem como a sobrevida (SV) destes pacientes após o diagnóstico. O QSTo foi aplicado em donos de 110 cães com DMC diagnosticados entre 2004 e 2011, não incluindo cães com Cushing ou hipotireoidismo. A sensibilidade (SE), especificidade (ESP) e Kappa (K), das respostas foram determinadas comparando-as com prontuários médicos padronizados das primeiras consultas. Obteve-se concordância média por questão de 95% (65 a 100%), todas com K >0.81 (p ¿ 0,001), exceto para as questões que avaliaram histórico de sobrepeso (0.57) e diestro (0,38), com concordância média por QSTo de 92% (72 a 100%), SE média 86,1% (44 - 100%), e ESP média 98,1% (93 - 100%). Na aplicação do QSTo, 58 pacientes (53%) já haviam morrido, sendo que 5 (4,5%) viveram poucos dias (1 a 5), e outros 6 (6,6%) viveram 1 a 3 semanas após o diagnóstico, com uma SV média de 24,4 (1 a 120) e moda 3 meses para os demais. A média de SV dos pacientes vivos na aplicação do QSTo foi de 31,8 meses (11 a 96). Assumiu-se o QSTo como boa ferramenta na avaliação da exposição à FR para DMC, sendo diestro e sobrepeso mais sujeitos a vieses nas respostas. Na análise de SV fica claro que as primeiras semanas após diagnóstico são mais críticas. No terceiro trabalho, foi realizado um estudo caso-controle, incluindo os mesmos 110 casos, e um grupo controle de 136 animais pareados por raça, sexo, idade e local de atendimentos. Após aplicação do QSTo em ambos grupos, as respostas foram dicotomizadas para avaliar exposição ou não-exposição ao FR em estudo com a criação de 2 modelos estatísticos. 1) ModMF: machos e fêmeas sem incluir FR relacionados ao ciclo estral. 2) ModF: só fêmeas (81 casos e 104 controles) com todos os FR em estudo. Após análise de regressão logística univariada condicional (RLUC) para selecionar FR potenciais associados à DMC, ofereceu-se aos modelos multivariados (MMV) as variáveis com um valor de p <0,20, construídos com seleção forward das variáveis de menor critério de informação Akaike na RLUC, seguida de eliminação backward das com valor de p ¿ 0,05. No ModMF dieta desbalanceada (OR 4,85 - IC 95% 2,2-10,7), e sobrepeso (OR 3,5 ¿ IC 95% 1,6-7,5), foram associadas (p ¿ 0,01) à DMC. Por fim, um último trabalho relatando um relato de caso de descompensação de diabetes em decorrência de doença periodontal ativa é apresentado. O conjunto de resultados aqui apresentados permite a criação de estratégias de prevenção contra DMC, bem como de melhor controle dos pacientes em tratamento, ao apontar fatores de risco como inflamação, sepse, diestro, alimentação desequilibrada e sobrepeso como importantes fatores de risco associados à doença, apesar de que em muias destas situações os mecanismos não estarem elucidados.

ASSUNTO(S)

canine diabetes mellitus resistência à insulina diabetes mellitus : diagnóstico risk factors epidemiologia animal : caes epidemiology diet sobrepeso overweight progesterona fatores de risco progesterone

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