Estudo petrográfico e geoquímico das rochas vulcânicas aflorantes no embasamento (proterozóico superior-paleozóico inferior) da Cordilheira Oriental, Noroeste Argentino

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O embasamento da Cordilheira Andina no noroeste de Argentina registra pelo menos duas orogenias paleozóicas: a Orogênese Pampeana (~520 Ma) e a Orogênese Famatiniana (~ 460 Ma). A orogênese Pampeana foi registrada mais extensivamente na parte noroeste das Sierras Pampeanas, na Cordilheira Oriental e no altiplano da Puna. Nas Sierras Pampeanas, a orogênese foi caracterizada pela formação de um arco magmático relacionado à subducção de litosfera oceânica durante o Cambriano Inferior, seguida de colisão continental (535-520 Ma) de um terreno semiautoctone (bloco Pampia ou o Craton Arequipa-Belen-Antofalla). O Ciclo orogenético Famatianiano, ocorrido desde 490 ate 400 Ma, foi documentado no Sistema de Famatina, na Cordilheira Oriental e no altiplano da Puna. Registra a subducção de litosfera oceânica durante o Paleozóico Inferior com a acreção de um terreno exótico, a Precordilheira, aos 460 Ma aproximadamente. No noroeste argentino a orogênese Pampeana é documentada na Cordilheira Oriental e no setor leste do Altiplano da Puna como uma seqüência turbidítica de margem passiva denominada Formação Puncoviscana. Rochas plutônicas, com idades de ca. 530 Ma, intrudem a Formação já deformada, marcando o final da orogênese. Entanto a Orogênese Famatiniana no noroeste argentino é representada na Cordilheira Oriental por rochas siliciclasticas de plataforma e marinhas rasas e na Puna por rochas marinhas profundas. Durante este ciclo no Altiplano da Puna são gerados dois arcos magmáticos, denominados Faja Eruptiva de la Puna Occidental e Faja Eruptiva de la Puna Oriental. Rochas vulcânicas e sub-vulcânicas intercaladas na Formação Puncoviscana foram reconhecidas em diferentes localidades da Cordilheira Oriental e na borde leste do Altiplano da Puna: Vale do Río Grande, Serra de Niño Muerto e no Vale do Río Blanco. O presente trabalho reúne um conjunto de dados petrográficos, de química mineral, geoquímicos, e geocronológicos (idades U-Pb e K-Ar e relações isotópicas Sr-Nd) dessas rochas vulcânicas com o objetivo de classificá-las, conhecer o seu ambiente tectônico e vinculá-las por meio de suas idades à evolução da margem oeste da América do Sul. No Vale do Río Grande, as rochas do embasamento Neoproterozoico-Paleozoico Inferior são intrudidas por diques basálticos. Os dados petrográficos, de química mineral assim como os dados geoquímicos e isotópicos permitiram classificá-las como ocellar- analcima monchiquitos, uma variedade de lamprofiro alcalino sem feldspato. Dados K-Ar indicaram a idade de 163 Ma, as rochas exibem baixas a médias relações iniciais isotópicas 87Sr/86Sr (0.70377-0.70781) e relativamente altas relações iniciais de 143Nd/144 Nd (0.5125060.512716), correspondendo a valores positivos de Nd (t) (+1.5-+5.6) e idades modelos entre 0.25-0.64 Ga. Os novos dados permitem sugerir que os lamprofiros de Río Grande, foram gerados durante o estagio de pre-rift do Rift Intracontinental de Salta (Jurássico Superior- Eoceno Inferior). Os dados isotópicos e as evidências petrológicas e geoquímicas, junto com os dados da literatura referentes à composição do manto neste setor dos Andes Centrais, permitiram inferir que os magmas derivam de um manto metassomatizado, modificado provavelmente pela Orogênese Famatiniana durante o Paleozóico Inferior. A área de El Niño Muerto, na borda leste do Altiplano da Puna, consiste em uma serra de direção nordeste-sudoeste, formada totalmente pelas rochas metassedimentares da Formação Puncoviscana. Rochas calci-alcalinos de alto K e composição dacitica intrudem na formação como um sill. Novos dados U-Pb por LA-ICPMS em zircões, bem como de isótopos de Sr-Nd indicam que os metadacitos de El Niño Muerto cristalizaram há 495 4 Ma com altas relações iniciais de 87Sr/86Sr (0.71107-0.71180) e valores de e Nd (t) negativos entre -9.7 e -5.9. O caráter peraluminoso apresentado por estas rochas sugerem que o magma do qual derivam os dacitos teve forte participação de material crustal seja por contaminação ou por fusão parcial de uma crosta continental com importante componente sedimentar. A idade e as características geoquímicas e isotópicas permitem localizar estas rochas no Arco Famatiniano desenvolvido durante o Ordoviciano no noroeste da Argentina. No vale do Río Blanco, na Cordilheira Oriental, foram reconhecidas rochas subvulcânicas, lavas almofadadas e depósitos peperíticos que se intercalam às rochas sedimentares hemipelágicas e turbiditicas reconhecidas como parte da Formação Puncoviscana. A geoquímica de elementos traço e terras raras, permitiu classificar estas rochas como basaltos e determinar que elas têm semelhanças com E-MORBs, com razões Zr/Nb desde 6.8 ate 9.5. Os novos dados LA-ICPMS U-Pb obtidos em zircões indicam que os basaltos cristalizaram há 501 9 Ma a partir de um magma primitivo, com valores positivos de e Nd(T) . Eles são caracterizados por relações moderadamente altas 87Sr/86Sr Nd(T) positivos entre +2.47 e +4.46 e idades modelo entre (0.70713-0.70942), valores de e 0.84 e 1.12 Ga. O ambiente tectônico de formação destas rochas permanece pouco claro e as características geoquímicas indicam que eles podem ser comparados com os basaltos tipo E- MORB ou com os basaltos anorogenicos de intraplaca. Tendo em conta que os basaltos do Vale de Río Blanco e os metadacitos de arco de El Niño Muerto foram gerados no mesmo momento, sugere-se nesta dissertação que os basaltos podem representar os remanescentes de uma bacia de retroarco, em relação ao Arco Famatiniano desenvolvido mais para o oeste durante o Cambriano Superior-Ordoviciano Inferior no noroeste de Argentina.

ASSUNTO(S)

cordilheira oriental noroeste argentino geologia rochas vulcânicas embasamenro

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