Estudo dos efeitos de manipulações farmacológicas em ratos de 21 dias submetidos a um modelo de dor pós-cirúrgica

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Neonatos, bebês e crianças são freqüentemente expostos a estímulos nocivos repetidos, incluindo vacinações e cirurgias. Tem sido relatado que pacientes submetidos a cirurgias no início da vida apresentam mais dor pós-operatória quando estão na faixa etária entre 7 e 13 anos, em comparação com crianças submetidas a cirurgias na mesma faixa etária, mas que não foram operadas quando bebês. Foi demonstrado que bebês que foram operados até os três meses de idade e que sofreram cirurgia subseqüente no mesmo dermátomo até os três anos de idade precisaram de mais fentanil itnraoperatório, mais morfina no pós-operatório e tiveram maior concentração de norepinefrina plasmática que crianças da mesma idade que estavam sendo operadas pela primeira vez. O grupo de Brennan desenvolveu um modelo de dor pós-operatória em roedores que consiste na realização de incisão na face plantar do membro posterior sob anestesia geral com halotano. Nesse modelo foi demonstrada hiperalgesia mecânica, que persistiu por vários dias, sendo essa uma das similaridades com o estado pós-operatório em seres humanos. Trabalhos posteriores mostraram liberação de aminoácidos excitatórios, ativação das células do corno dorsal e sensibilização central, e redução do comportamento de dor por injeção intratecal de antagonista não-NMDA. Observou-se que as fibras Aδ e C continuavam sensibilizadas um dia após a incisão, contribuindo para a hiperalgesia mecânica e para a amplificação da resposta central. A morfina inibiu os comportamentos de dor, tanto administrada subcutaneamente quanto via intratecal. Assim, sugere-se que esse seja um excelente modelo de estudo de dor pós-operatória, bem como de sua modulação. Essa tese teve como objetivo realizar estudos sobre modulação da dor, analgesia pós-operatórias resposta inflamatória e nova exposição à cirurgia em modelo animal, utilizando ratos 21 dias de idade. Pela facilidade técnica e resultados prévios, foi selecionado e adaptado o modelo descrito por Brennan e colaboradores (Brennan et al., 1996). Observou-se aumento de TFL 30 minutos após a cirurgia em ratos de 21 dias de idade, sugerindo recrutamento de sistemas moduladores da dor. Esse aumento foi totalmente revertido por picrotoxina e parcialmente revertido por naloxona, evidenciando papéis gabaérgico e opióide na modulação da dor pós-operatória. Houve também aumento da duração da analgesia da morfina, sugerindo somatório de efeitos: do analgésico exógeno e dos neurotransmissores liberados. A administração de morfina por 7 dias produziu tolerância, independentemente da cirurgia. Houve diminuição da duração do efeito da morfina quando administrada 60 dias após a cirurgia, sugerindo conseqüências de longa duração decorrentes da cirurgia. Além disso, observou-se que, 30 min após a cirurgia, os animais realizaram menos cruzamentos em campo aberto sendo esse efeito independente da anestesia e da ansiedade, o que foi interpretado como hiperalgesia mecânica. Houve também exacerbação da resposta inflamatória à formalina, na pata contra-lateral, 3 dias após a cirurgia sugerindo sensibilização sistêmica desses animais. Quando expostos à segunda cirurgia, aos 45 dias de idade, os animais não apresentaram aumento de TFL verificado na primeira cirurgia aos 21 dias, sugerindo novamente sugerindo conseqüências de longa duração decorrentes da cirurgia. Não houve diferença quanto ao número de cruzamentos realizados em campo aberto por animais exposto a segunda cirurgia em relação animais da mesma idade exposto pela primeira vez. Esses resultados sugerem que animais de 21 dias submetidos à cirurgia apresentam conseqüências de longa duração no que se refere nocicepção posterior.

ASSUNTO(S)

medição da dor analgesia dor : cirurgia

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