Estudo de pacientes com paracoccidioidomicose e a co-infecção paracoccidioidomicose HIV / aids, assistidos no Hospital Universitário de Brasília entre 1984 e 2005

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A paracoccidioidomicose é a micose sistêmica mais importante no Brasil, apresentando morbidade relacionada à atividade da doença e às possíveis seqüelas. É a oitava causa de óbito por doenças infecto-parasitárias crônicas no país. A pandemia da infecção pelo HIV / aids tem modificado o perfil de várias doenças infecciosas, entre as quais possivelmente a paracoccidioidomicose. Essa série de casos avaliou as características clínico-epidemiológicas dos pacientes com paracoccidioidomicose e a coinfecção paracoccidioidomicose HIV / aids, assistidos no Hospital Universitário de Brasília, no período entre 1984 e 2005. Foram estudados 76 pacientes com paracoccidioidomicose, dos quais cinco apresentavam a co-infecção pelo HIV / aids. O gênero masculino representou 82,89% dos pacientes (p<0,0001). A média de idade foi 42 anos e a mediana foi 43,5 anos (DP: 15,25). O sistema pulmonar e a mucosa orofaríngea foram comprometidos na mesma freqüência, 55,26%, predominando nas formas crônicas (p=0,0005 e p<0,0001, respectivamente). O comprometimento linfonodal ocorreu em 42,11% dos pacientes, predominando nas formas agudas ou subagudas (p=0,0002). A frequência de lesões laríngeas foi 19,74% e de lesões cutâneas 21,05%. O comprometimento intra-abdominal ocorreu em 57,9% e 7,02% das formas agudas ou subagudas e crônicas, respectivamente. A adenomegalia mediastinal com aspecto tumoral foi observada em 4 pacientes. A forma aguda ou subaguda representou 22,54% dos 71 pacientes sem co-infecção pelo HIV / aids. As formas graves, moderadas e leves da paracoccidioidomicose representaram, respectivamente, 68,42%, 26,32% e 5,26% dos pacientes com a forma aguda ou subaguda. Considerando-se a forma crônica, as formas graves, moderadas e leves corresponderam a 7,08%, 52,63% e 40,35% dos pacientes, respectivamente. Os pacientes não procedentes do Distrito Federal corresponderam a 57,33% da população estudada. Houve casos de paracoccidioidomicose provavelmente autóctones do Distrito Federal, a julgar pelos dados epidemiológicos. Atividade agrária atual ou pregressa foi relatada por 54,93% de 71 pacientes. O tabagismo (87,04%) e etilismo (55,32%) foram freqüentes entre os pacientes com a forma crônica para os quais dispúnhamos dessas informações. 27,63% dos pacientes apresentaram paracoccidioidomicose recidivante. O exame sorológico para o HIV foi realizado em 34,21% dos pacientes. Dos cinco pacientes com a co-infecção pelo HIV / aids quatro eram do gênero masculino. Os três pacientes com a forma aguda ou subaguda da paracoccidioidomicose (dois homens e uma mulher) apresentaram a forma disseminada da doença, imunodepressão acentuada e outras co-morbidades relacionadas à aids, tendo evoluído para o óbito. Os dois pacientes com a forma crônica da paracoccidioidomicose evoluíram com aumento da contagem de linfócitos CD4 e apresentaram boa resposta ao tratamento da paracoccidioidomicose e das infecções oportunistas associadas. É necessário manter a atenção para a possibilidade do diagnóstico da paracoccidioidomicose, entre pacientes imunocompetentes e deprimidos. Os casos de coinfecção paracoccidioidomicose HIV / aids devem ser relatados, a fim de se avaliar a real magnitude e as características dessa condição

ASSUNTO(S)

micoses co-infection infecção - hospitais co-infecção paracoccidioidomycosis paracoccidioidomicose aids (doença) hiv doencas infecciosas e parasitarias hiv

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