Estrutura de comunidade de pequenos mamíferos em áreas afetadas por plantações de milho (Zea mays) e estradas na Serra do Ouro Branco, Minas Gerais / Estrutura de comunidade de pequenos mamíferos em áreas afetadas por plantações de milho (Zea mays) e estradas na Serra do Ouro Branco, Minas Gerais

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

19/12/2012

RESUMO

Os pequenos mamíferos não-voadores do Brasil pertencem às ordens Rodentia e Didelphimorphia e correspondem a 298 espécies, compreendendo 43% da diversidade de mamíferos do país. A Mata Atlântica e o Cerrado são o segundo e terceiro biomas mais ricos em espécies de mamíferos no Brasil. A Serra do Ouro Branco, local onde foi realizado este estudo, localizada na porção sul da Cadeia do Espinhaço, é uma área de transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica. A situação do Espinhaço é extremamente grave em relação a conservação de mamíferos devido a destruição e fragmentação de habitats e, embora tenha uma grande importância na manutenção da diversidade de pequenos mamíferos, existem lacunas de conhecimento relacionadas a inventários, sistemática, distribuição geográfica e ecologia deste grupo. Neste contexto, o presente estudo tem o objetivo de contribuir para o conhecimento das espécies de pequenos mamíferos da Serra do Ouro Branco, bem como avaliar os impactos que estas sofrem através da agricultura e apresentar informações sobre a biologia das espécies. No primeiro capítulo é apresentado um levantamento das espécies da serra do Ouro Branco através de dois anos de amostragem. Foram encontradas 17 espécies de pequenos mamíferos, sendo 11 de roedores e seis de marsupiais. As espécies são características dos três biomas que compõe a Cadeia do Espinhaço (Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica) e a área representa um local importante para a conservação, sua composição foi diferente de outras áreas amostradas na região e foram encontradas espécies consideradas raras em levantamentos. É de conhecimento que a agricultura causa alterações no habitat e que essas alterações influenciam a fauna presente no local. No entanto, estudos objetivando descobrir as respostas específicas a plantações são menos abundantes, principalmente com mamíferos. No segundo capítulo foram avaliados os efeitos de plantações de milho sobre as comunidades de pequenos mamíferos, levando em consideração de que algumas espécies podem se favorecer, utilizando 11 o milho como alimento. Foi montado um experimento, com três réplicas para cada tratamento, para avaliar as respostas das espécies ao milho. Assim três áreas de borda com plantação eram o tratamento de análise, três áreas de interior de fragmento eram o controle para o tratamento borda e três áreas de borda com estrada eram o controle para a oferta de alimento proporcionada pela plantação. Os animais capturados foram medidos, era oferecido milho e outros alimentos para avaliar se era um recurso utilizado pela espécie. Posteriormente os animais eram marcados e soltos. Os pequenos mamíferos foram afetados pela matriz em contato imediato com a floresta, pois a composição, a riqueza, a abundância e a eqüitabilidade variaram entre os três tratamentos. A matriz correspondente à plantação de milho serviu fonte de recurso principalmente para O. nigripes e favoreceu esta espécie, permitindo maior estabilidade ao longo do ano em áreas de borda com plantação. No terceiro capítulo são apresentados dados de demografia e cuidado parental de Oligoryzomys nigripes, espécie mais abundante durante todo o estudo. Sua abundância variou em resposta a estação do ano, com maiores valores na estação seca/chuvosa e os menores na estação seca. A abundância de juvenis sempre foi maior que a dos adultos, principalmente nos meses de seca. Foram capturadas três fêmeas lactantes junto aos seus respectivos filhotes e foram observados comportamentos relacionados ao cuidado parental. Diante de qualquer aproximação da fêmea ou dos filhotes, esta os agrupou sob o corpo e atacou com mordidas. Nestes eventos, os filhotes se encontravam bem desenvolvidos e já se alimentavam sozinhos, no entanto, foram amamentados ao longo do dia e da noite.

ASSUNTO(S)

- - ecologia de ecossistemas

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