Estado e política energética: a desterritorialização da Comunidade rural de Palmatuba em Babaçulândia (TO) pela Usina Hidrelétrica Estreito

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

10/08/2012

RESUMO

As hidrelétricas produzem a maior parte da eletricidade consumida no país com incentivos estatais para concretizar mais usinas. As hidrelétricas causam efeitos ao meio ambiente e às comunidades desterritorializadas. Este estudo foi realizado com os camponeses tradicionais de Palmatuba (Babaçulândia/TO). Este local foi atingido pelas águas da Usina Hidrelétrica Estreito (UHEE), localizada no rio Tocantins, na divisa dos estados do Tocantins e do Maranhão, nos municípios de Aguiarnópolis e de Estreito, respectivamente. Por causa das incertezas sobre a reterritorialização, o objetivo geral desta pesquisa foi compreender a atuação do Estado e da política energética na desterritorialização da comunidade de Palmatuba pela Usina Hidrelétrica Estreito (UHEE). Metodologicamente, o trabalho foi realizado na perspectiva da pesquisa qualitativa. Aplicou-se o roteiro de entrevistas contendo questões abertas e fechadas sobre: identificação, histórico familiar, produção, rendimento e impactos do empreendimento às 26 famílias desterritorializadas. O roteiro de entrevistas foi aplicado nos meses de abril e maio do ano de 2010. Os instrumentos metodológicos em história oral, saídas de campo, fotografias e outras técnicas foram utilizados. A categoria social de análise foi o camponês tradicional. Palmatuba foi oficialmente considerada bairro urbano de Babaçulândia, mas as características rurais e o ambiente ribeirinho ao rio Tocantins definiram esta classe social. A categoria território e a sua relação com o lugar e a paisagem ancoraram a pesquisa nos termos geográficos. O território, o lugar e a paisagem se relacionaram e entendeu-se que o território, mesmo sendo principal, necessitaria de apoio para explicar o sentido de pertencimento e a mudança da paisagem do lugar. Palmatuba teve uma história de 70 a 80 anos apegada ao rio Tocantins, à argila, à terra e ao coco babaçu como atividades econômicas desenvolvidas no local. O coco babaçu foi destaque e tinha a Associação das Quebradeiras de Coco Babaçu (AQCB), trabalhando com o artesanato. As dificuldades enfrentadas pelos palmatubenses foram muitas, mesmo assim, passado um ano da desterritorialização muitos retornariam ao lugar. Não houve reassentamento e a carta de crédito foi a opção do Consórcio Estreito Energia (CESTE). Muitas famílias procuraram por conta própria as novas moradas. Atualmente, estes atingidos têm dificuldades em pagar aluguel, em se relacionar com vizinhos, além de outros problemas. Muitas pessoas são idosas e estão apegadas às memórias do passado. Os antigos vizinhos espalharam-se e cinco famílias moram em área rural, como nos reassentamentos Vitória Régia e Costa Rica, localizados nos municípios de Aragominas e Wanderlândia e 22 residem em área urbana, muitas delas na cidade de Araguaína (TO). Há mudanças no modo de vida, surgiram outras paisagens, outras territorialidades e outros lugares para reconstruir em virtude das incertezas sobre a reterritorialização.

ASSUNTO(S)

estado reterritorialização lugar hidrelétricas tocantins geografia gestão de território babaçulândia (to) estado reterritorialización lugar hidroeléctricas tocantins

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