Entre estudos e rezas: alunos não-confessionais no Colégio Arautos do Evangelho e Colégio Adventista de Cotia SP

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

01/06/2012

RESUMO

Este trabalho buscou analisar a presença de alunos e alunas não-confessionais no Colégio Arautos do Evangelho Internacional, situado na Granja Viana - SP e Colégio Adventista de Cotia - SP. Estas escolas mostram-se interessantes para pesquisa pelo número de alunos e alunas não-confessionais que possuem: 10% de alunos e alunas não católicos no Colégio Arautos do Evangelho Internacional e 82% de alunos e alunas não adventistas no Colégio Adventista de Cotia1. Embora tenha ocorrido, ao longo da pesquisa, no ano de 2010, o fechamento do Colégio Arautos do Evangelho Internacional. Para realizar este estudo foi necessário conhecer os grupos religiosos do Arautos do Evangelho e Adventistas, obtendo maiores informações sobre seu histórico enquanto grupo, suas crenças e carismas. Compreendendo assim de que forma estes grupos incutem suas crenças em seu formato de educação. Em um segundo momento, identificamos o histórico educacional destes grupos: católico e adventista, também o discurso de algumas pessoas que possuíram uma influência nesta discussão sobre educação como a de Leonel Franca para educação católica e Ellen White para educação adventista. Observamos dentro do quadro educacional destas escolas confessionais um conjunto de elementos que envolvem a religião, como os momentos de oração, capelas, missas e aulas de Ensino Religioso. Por isso, em um terceiro momento fizemos um estudo de campo, assistindo aulas de Ensino Religioso, participando de alguns momentos de capela e missas, entrevistando professores, pais, alunos e alunas, diretores. Através destas informações e observações foi possível relacionar e atribuir a presença destes alunos e alunas não-confessionais nestas escolas à teoria da socialização, ou seja, as diferenças religiosas parecem não ser tão importantes quanto o convívio com o grupo de amigos e outros membros da escola. Por este motivo, trazemos a teoria da socialização trabalhada por Berger e Luckmann, Maria da Graça Setton e Lahire. A escola possui esta característica de interação cultural, de forma que o modelo, as disciplinas, os conhecimentos são partilhados. Aparenta existir, para estes alunos e alunas não-confessionais uma diferenciação entre a esfera do ensino e a esfera da religião. Ou seja, estudar em uma escola confessional não significa compartilhar da mesma religião que a escola, mesmo convivendo e participando dos momentos socializadores religiosos desta. A escola seria o espaço do ensino, e a religião que o aluno ou aluna confessional professa (ou que não professe nenhuma) estaria no âmbito que se encontra fora da escola, que faz parte da esfera particular ou familiar. Complementou a análise destas informações as pesquisas sobre o perfil religioso dos jovens brasileiros desenvolvidos por Jorge Cláudio e Regina Novaes, que revelam o denominado afrouxamento da relação do jovem com a religião. Sendo assim, para o jovem e no caso da pesquisa o adolescente, ter amigos de religião diferente da sua não se torna um problema. Outros elementos como a localização da escola e um ensino que evidencie a disciplina, trabalhe valores e ética são fatores que explicam a presença destes alunos e alunas não-confessionais nestas escolas confessionais

ASSUNTO(S)

outras sociologias especificas alunos não-confessionais escola confessional socialização non-confessional students confessional school socialization

Documentos Relacionados