Ensino de conceitos a uma criança com deficiência visual por meio de brincadeira

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/02/2012

RESUMO

O desenvolvimento de estratégias de ensino-aprendizagem de conceitos para crianças com deficiência visual tem sido um desafio abordado em pesquisas e propostas educacionais. O objetivo deste trabalho foi verificar se o manuseio de brinquedos por uma criança com deficiência múltipla (deficiência visual e deficiência física associada) poderia constituir-se em uma estratégia de ensino que favorecesse a aprendizagem de conceitos. Para tanto foi elaborada uma condição de ensino que empregou brinquedos e brincadeiras a fim de proporcionar oportunidades prazerosas e significativas para a criança, favorecendo assim, condições para aprendizagem de conceitos. Participou desse estudo uma menina, com cinco anos de idade no início da pesquisa, com deficiência múltipla (deficiência visual e deficiência física associadas), com diagnóstico não confirmado de sequela de toxoplasmose e citomegalovírus, que frequentava uma instituição de uma cidade de médio porte do interior do Estado de São Paulo. Foram realizadas entrevistas com a mãe da participante registradas em audiogravação e sessões videogravadas de familiarização e das condições de ensino. Quatro das sessões de intervenção foram examinadas com a finalidade de se identificar os parâmetros de análise e definir os episódios cujo contexto indicava participação da criança na brincadeira com a experimentadora e a interação dela com o brinquedo. Foram criadas categorias de análise considerando os conceitos trabalhados, as ações do adulto e as ações da criança nas brincadeiras planejadas. A análise dos dados indicou que a participante brincou ativamente e mostrava satisfação nas atividades por sinais não vocais, como agitar o corpo, bater suas mãos nas laterais das próprias pernas, balançar a cabeça e bater palmas. Além disso, a atuação do adulto, ao contextualizar gestos e movimentos corporais da participante, e ao empregar, por exemplo, a antecipação do que aconteceria no ambiente, permitiu que a criança participasse e se mantivesse na brincadeira. Com relação às situações nas quais a criança não queria brincar, ela virava sua cabeça para o lado contrário à experimentadora ou ao objeto que lhe havia sido oferecido, ou, então, algumas vezes dizia, Não qué; ou, ainda, balançava o corpo de um lado para o outro, de maneira que podia ser interpretada como impaciência e resmungava Ãaaaaah ou Iiihhhhh ou Aaooo ou Uuuuu. Os dados indicaram a importância da mediação do adulto durante as atividades, para que ele destacasse e orientasse a atenção da criança para: os objetos que estavam à disposição dela; as modificações que ela provocava nos brinquedos/objetos, durante a sua manipulação; a modificação que o objeto produzia no ambiente; a possibilidade de repetir as alterações produzidas no objeto e no ambiente. Além disso, considerou-se importante que ele estivesse atento ao contexto da brincadeira e ao uso do brinquedo de maneira contextualizada. Os dados obtidos permitiram considerar que o contexto de brincadeiras propiciou condições para a aprendizagem de conceitos por crianças com deficiência visual e também reafirmou a importância de o adulto estar atento às pistas oferecidas pela criança a fim de criar e desenvolver condições adequadas que favoreçam a aprendizagem.

ASSUNTO(S)

educação especial deficiência visual brincadeiras ensino de conceitos mediação do adulto educacao especial special education visual impairment games teaching concepts adult mediation

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