Enfrentando o inimigo com as suas próprias armas : a presença e a importância das Escrituras na argumentação de Thomas Hobbes / Facing the enemy with their own weapons : the presence and importance of Scriptures in the argumentation of Thomas Hobbes

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/09/2012

RESUMO

O objetivo deste trabalho é examinar a interpretação das Escrituras feita por Thomas Hobbes para corroborar sua tese sobre o caráter absoluto do poder civil, especialmente sobre a Igreja. Na época de Hobbes era necessário ao cidadão conhecer as Leis de Deus para discernir se a Lei Civil se opunha a elas ou não, para que não pecasse contra o poder civil ou contra a vontade de Deus. Em sua obra De Cive Hobbes diz que o homem é um membro de uma sociedade que é primeiramente secular e depois, sacra. Nessa obra ele se dedica a examinar qual é a essência da Religião Cristã e qual é a natureza do comando e da sujeição. Hobbes adota uma nova hermenêutica para ler as Escrituras. Nosso esforço é o de examinar a interpretação da Bíblia feita por ele para defender a natureza absoluta da soberania e suas críticas das intervenções da Igreja no poder civil, aparentemente em nome de Deus. Um dos problemas mais importantes da teoria política de Hobbes era o da supremacia do poder civil sobre a religião, o qual é tratado, em primeiro lugar, com argumentos baseados na razão natural e, em segundo lugar, com argumentos baseados em textos das Escrituras. Ele encontra na Bíblia diversos textos que, de acordo com a sua interpretação, poderão corroborar não só a natureza absoluta do poder civil, mas também a própria teoria do consentimento. Hobbes, como um engenhoso estrategista, enfrenta a hermenêutica oficial da Bíblia, que era parcial e falaciosa, especialmente quando se tratava das relações entre o poder secular e o alegado poder universal da Igreja. E se a Igreja usou os textos das Escrituras como "as fortificações avançadas" para ameaçar ameaça o poder civil, Hobbes as lerá usando seus textos como corroboração de seus argumentos em favor daquele que "foi feito para não ter medo" o grande Leviatã, aquele "Deus Mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus Imortal, nossa paz e defesa". E dele se deriva a legitimidade da Igreja, que em nome de Deus pretende sobrepor-se ao soberano civil, cuja autoridade é reconhecida, no entanto, pela própria Escritura Sagrada. Esta é a essência de nosso labor: examinar como e em que medida esses conceitos são construídos em sua argumentação e também resgatar a importância de seu pensamento sobre a Religião e as Escrituras, estas como uma das colunas da construção de uma nova hermenêutica, em sua luta pela paz civil diante das pretensões de soberania da instituição eclesiástica, principalmente a católica, mas também a presbiteriana, especialmente no contexto britânico.

ASSUNTO(S)

filosofia inglesa soberania igreja e estado retórica hermenêutica english philosophy sovereignty church and state rhetoric hermeneutics

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