Encontros entre usuarios, profissionais da saude e suas representações sobre o urgente / Meeting between users, health professionals concerning theirs urgent social representations

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A Saúde como direito é uma prerrogativa da Constituição vigente no Brasil, que nasceu intrinsecamente ligada à idéia de que os homens têm direitos inalienáveis decorrentes de sua condição humana. No entanto, milhares de cidadãos brasileiros fazem uma leitura reducionista, entendendo-a como restrita ao acesso à consulta médica, realizada de forma imediata nos diversos Serviços de Saúde. Um dos fatos paradigmáticos desta cultura instituída é a tradicional superlotação dos Pronto-Socorros com pacientes portadores de casos de baixa complexidade clínica, passíveis de resolução em outros serviços de menor complexidade, que será tomada como objeto deste estudo. O ponto de partida foi o questionamento sobre quais fatores seriam condicionantes e moduladores desta configuração de demanda, optando por uma abordagem do problema numa perspectiva simbólica, tendo o estudo por objetivo compreender os significados que os usuários atribuem às suas necessidades de procura por algum cuidado em caráter de urgência. O caminho percorrido para chegar aos resultados foi o Método Qualitativo utilizando-me dos conceitos de urgência e emergência, articulados ao Modelo Teórico das Representações Sociais. Foi realizada uma investigação em um Pronto-Socorro Hospitalar em quatro Unidades Básicas de Saúde do município de Campinas, utilizando-se como instrumento entrevistas semi-estruturadas com usuários e profissionais de saúde. O material foi analisado através da Análise temática, evidenciando que o usuário constrói representações sociais sobre o urgente, que são histórica e culturalmente construídas, e muitas vezes conflitantes com o Paradigma Biomédico, tornando-se estas diferenças, elementos significativos na configuração da demanda e na dinâmica de funcionamento de serviços de saúde. Os resultados evidenciaram que, dos 38 (trinta e oito) pacientes entrevistados, doze (31,5%) referiram algum nível de gravidade em seus problemas, e os critérios utilizados para justificar a gravidade sentida foram principalmente as repercussões na autonomia para realização de suas atividades e a intensidade da dor. Entretanto, quando abordados em relação ao conceito de urgência e emergência, trinta e cinco pacientes os entendiam como sinônimos, sem expressarem-se claramente sobre os significados, embora os relacionando fortemente a acidentes de trânsito, ocorrências em vias públicas, traumas em geral na maior parte dos relatos, e muito pouco à intercorrências clínicas, evidenciando um distanciamento dos critérios utilizados pelos profissionais para definição de graus diferenciados de urgência para os problemas clínicos apresentados pelos pacientes. As questões levantadas a partir dos resultados apontam para a necessidade de rever a dimensão em que os interesses, necessidades, valores, atitudes e crenças da população estão sendo considerados como elementos norteadores de ações de planejamento na área da Saúde. Ressalta-se ainda a importância do desenvolvimento de mecanismos de gestão que incorporem a subjetividade das relações entre as expressões individuais e coletivas do saber leigo e os saberes estruturados da clínica e epidemiologia, articuladas a um amplo desenvolvimento de ações de educação em saúde, além de uma legitimação e integração qualificada da demanda espontânea ao conjunto de ações nas Unidades Básicas de Saúde, para que se viabilizem como efetiva porta de entrada, garantindo acesso às diferentes necessidades apresentadas pela população.

ASSUNTO(S)

acesso aos serviços de saude universal access to health care services health services accessibility sistemas locais de saude emergency medical services assistencia a saude serviços de medicina de emergencia primary health care

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