Efeitos do treinamento e da prática vocal profissional sobre o canto e a fala / Effects of training and professional vocal practice over singing and speech

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

23/01/2012

RESUMO

Neste estudo observam-se os efeitos decorrentes do treinamento e da prática vocal profissional, tendo por base três hipóteses que evidenciem semelhanças e diferenças entre fala e canto: 1) a fala é diferente entre grupos, 2) o canto é semelhante entre grupos, 3) fala e canto possuem semelhanças e diferenças influenciadas por formação musical e treinamento. Foi escolhida a canção Conselhos (Carlos Gomes), cujo texto foi lido e cantado cinco vezes por três grupos, cada qual com cinco informantes: cantoras solistas (SOL), cantoras coralistas (COR) e locutoras de rádio (LOC). Os dados obtidos da partitura da canção foram analisados com procedimentos não paramétricos. Os dados acústicos das gravações de fala e canto (com e sem acompanhamento) foram analisados com procedimentos paramétricos. As análises não-paramétricas mostraram que a partitura musical mantém as restrições linguísticas, sem perda da função fonológica nem da pertinência linguística. As diferenças observadas na análise da duração de fala corroboram a primeira hipótese. Tais diferenças sugerem influência de treinamento, distinção dos grupos com prática profissional, e manutenção da hierarquia prosódica. A gradiência entre os grupos na análise da entoação da fala separa cantoras das locutoras, e indicam influência do treinamento vocal profissional. A análise das estimativas de espaço vocálico evidenciou as tônicas, usadas pelos grupos como marcadores de expressividade. A intensidade na fala ressaltou locutoras e solistas como grupos com prática vocal profissional. As solistas se destacam na fala com valores elevados dos formantes e proximidade tonal com a partitura, fato que poderia explicar a tendência das cantoras com maior prática e treinamento em ler um texto próximo ao canto. A análise da duração global no canto sem acompanhamento mostra semelhança entre as cantoras que reflete a segunda hipótese, referente à formação musical. As diferenças de duração das variáveis linguísticas no canto refletem a influência da prática e do treinamento. A análise da entoação indicou que as coralistas atrelam a afinação à pulsação rítmica, e, o acompanhamento facilita essa tarefa. A análise das estimativas de espaço vocálico no canto mostrou áreas semelhantes entre os grupos. A distinção entre eles aparece nas tônicas, menos centralizadas pelas solistas, e, ainda, com intensidade e formantes mais altos. A comparação entre dados acústicos e estimativas da partitura no canto mostrou as solistas com entoação próxima à partitura. As tônicas foram melhor investigadas na fala, no canto, e entre as modalidades. Na fala, as diferenças entre os grupos são explicadas pela formação, pois solistas e locutoras são treinadas para produzir maior abertura oral. As consequências articulatórias seriam o abaixamento de laringe e redução do espaço faríngeo. A investigação das tônicas no canto mostrou formantes elevados para as solistas, implicando em estiramento labial (ou elevação de laringe, prática não recomendada pela pedagogia do canto). A comparação entre modalidades indicou influência da proficiência musical ou do treinamento vocal, em busca de postura vocal confortável. Esses resultados na fala e no canto indicam possível transferência gestual do canto para a fala, e vice-versa, tal como ocorre na aquisição de segunda língua. Tal fenômeno resultaria de adaptação biomecânica, coerentemente com a Fonologia Gestual

ASSUNTO(S)

musica e linguagem canto fonética fonologia gestual fonética acústica music and language singing phonetics gestural phonology acoustic phonetics

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