Efeitos do óleo de copaíba e constituintes em Trypanosoma cruzi

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

22/12/2010

RESUMO

A doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e afeta 15 milhões de pessoas na América Latina. Atualmente, o único fármaco disponível para tratamento é muito tóxico, com diversos efeitos colaterais, e apresenta baixa eficácia na fase crônica. Novas alternativas para o tratamento dessa doença podem surgir da associação de fármacos, supostamente mais eficaz e menos tóxica, e também dos produtos naturais. Substâncias de origem natural têm sido usadas em outras doenças com resultados promissores, tanto isoladas como em associação. O gênero Copaifera pertence à família Fabaceae, uma das maiores famílias em importância etnofarmacológica. A planta produz um óleo que exsuda do tronco, chamado de óleo de copaíba, muito utilizado nas regiões Norte e Centro-Oeste para fins medicinais. No presente trabalho foi avaliado a atividade tripanocida do óleo de copaíba e constituintes contra as formas epimastigota, tripomastigota e amastigota de T. cruzi, bem como seus efeitos citotóxicos em eritrócitos e células LLC-MK2, na perda da integridade de membrana celular e mitocondrial do parasita, na capacidade de causar estresse oxidativo, alterações ultraestruturais e sinergismo. As espécies estudadas foram C. reticulata, C. langsdorffii, C. paupera, C. martii, C. multijuga, C. officinalis, C. lucens e C. cearensis. As substâncias estudadas foram o ácido copálico (1), ácido hidroxi-copálico (2), β-cariofileno (3), ácido agático (4), ácido caurenóico (5), ácido pinifólico (6), ácido poliáltico (7) e copalato de metila (8). Todos os óleos de copaíba e constituintes avaliados mostraram atividade contra T. cruzi em todos os estágios de vida. Para os óleos de copaíba, o IC50 em epimastigotas variou de aproximadamente 17 a 50 μg/ml, em tripomastigotas o EC50 foi de 90 a 280 μg/ml e nas formas amastigotas, houve redução de 50% na replicação intracelular em concentrações abaixo de 5 μg/ml para a maioria das espécies. Para as substâncias isoladas, a atividade de 50% sobre formas epimastigotas variou entre 13 e 53 μg/ml, de 120 a 525 μg/ml em tripomastigotas e em amastigotas intracelulares os valores de IC50 obtidos foram de 0,4 a 13 μg/ml. O óleo de C. reticulata, C. martii, C. officinalis e as substâncias 1 e 3, causaram peroxidação lipídica em T. cruzi. Alterações de permeabilidade da membrana celular e mitocondrial foram detectadas após tratamento com óleo de C. martii, C. paupera, C. officinalis e com a maioria das substâncias isoladas. A citotoxicidade foi maior para células de linhagem do que para eritrócitos humanos, tanto no tratamento com o óleo de copaíba como seus constituintes. A associação das substâncias 1 e 3 foi sinérgica em tripomastigotas, enquanto que 1 e 2, 2 e 3, e 1, 2 e 3 com benzonidazol foram aditivas. A sazonalidade influenciou na atividade tripanocida do óleo de copaíba de C. multijuga em formas epimastigotas. Alterações ultraestruturais no protozoário tratado com o óleo de copaíba e alguns constituintes mostram desorganização nuclear, “swelling” mitocondrial, formação de vacúolos membranosos, destacamento do flagelo e diminuição do volume celular.

ASSUNTO(S)

microbiologia médica chagas doença de tripanossoma cruzi Óleo de copaíba plantas - uso terapêutico medical microbiology chagas disease copaiba oil

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