Efeitos do market timing sobre a estrutura de capital de companhias abertas brasileiras / Market timing effects on capital structure of Brazilian public companies

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/10/2012

RESUMO

De acordo com a teoria de market timing, as empresas aproveitam janelas de oportunidade para a captação de recursos, com a intenção de explorar flutuações temporárias no custo de fontes alternativas de financiamento. Assim, a estrutura de capital seria determinada por tentativas passadas de emitir títulos em momentos considerados favoráveis para a emissão. O presente trabalho teve por objetivo examinar o comportamento de market timing em companhias abertas brasileiras, buscando verificar a existência e persistência de um comportamento oportunista quando da escolha dentre diferentes fontes de financiamento. Para tanto, foram desenvolvidos dois estudos complementares. Primeiramente, investiga-se o comportamento de market timing por meio da análise da influência de valores de mercado históricos sobre a estrutura de capital de companhias brasileiras que realizaram IPO no período 2001-2011. Como principal resultado, verifica-se uma relação negativa entre valores de mercado históricos e alavancagem, evidenciando que, em momentos de altos valores de mercado, as empresas reduzem o endividamento, por ser mais vantajosa a emissão de ações, e vice-versa, o que pode indicar um comportamento oportunista na captação de recursos. No entanto, o comportamento não é permanente em todo o período, a ponto de determinar a estrutura de capital destas empresas. Assim, julgou-se necessário examinar diretamente os efeitos do market timing sobre a estrutura de capital de companhias brasileiras relacionando indicadores de custo de capital (próprio e de terceiros) com os níveis de endividamento destas companhias. Para tanto, foram utilizadas duas amostras: a primeira foi composta por 235 companhias abertas ativas na BM&FBOVESPA, analisadas no período 2000-2011; a segunda foi composta por 75 companhias abertas ativas e com ratings de crédito atribuídos pelas principais agências de classificação de risco, analisadas no período 2005-2011. Foram utilizadas quatro proxies para o custo de capital próprio, baseadas no Modelo de Precificação de Ativos Financeiros - CAPM, e duas proxies para o custo de capital de terceiros, sendo uma delas baseada no custo médio do passivo oneroso e a outra no rating de crédito das companhias, esta última testada apenas para a amostra 2. Os resultados obtidos com os modelos de dados em painel indicaram que quanto maior o custo de capital próprio, maior o nível de endividamento, bem como, quanto maior o custo de capital de terceiros, menor a utilização de dívida como fonte de financiamento. Estes resultados estão de acordo com o esperado pela teoria de market timing, refletindo que as empresas estão atentas ao custo de diferentes fontes de recursos, em busca das melhores alternativas de financiamento. Este comportamento se justifica e é confirmado por meio dos resultados obtidos: no primeiro estudo, verifica-se que o valor de mercado, em média, caiu após a abertura de capital, tornando indesejável a emissão de novas ações e preferível a utilização de dívida. No segundo estudo, verifica-se que as proxies para custo de capital se mostraram as variáveis mais significativas, exercendo forte influência sobre a estrutura de capital das empresas. Assim sendo, os resultados obtidos se complementam e levam à confirmação da tese proposta: o market timing influencia a estrutura de capital de companhias abertas brasileiras, sendo que as empresas aproveitam janelas de oportunidades para a captação de recursos para financiar seus projetos de investimento.

ASSUNTO(S)

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