Efeitos da microcistina-LR (Microcystis aeruginosa) sobre parâmetros cardio-respiratórios de tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

As cianobactérias, em condições favoráveis podem formar grandes massas superficiais de coloração verde intensa, denominadas florações. Alguns gêneros de cianobactérias são produtoras de toxinas, e durante as florações, pode haver riscos de contaminação da água e conseqüentemente dos organismos dependentes desta. Dentre as toxinas produzidas pelas cianobactérias, destaca-se a microcistina. Esse tipo de toxina apresenta efeitos pronunciados sobre o fígado, embora possa exibir seus efeitos em diversos órgãos. Ademais, é a cianotoxina que se encontra mais amplamente distribuída nos mais variados tipos de ecossistemas. O objetivo do presente estudo foi analisar as respostas cardio-respiratórias de tilápias-do-nilo, Oreochromis niloticus, em situação controle e após 48 h de injeção intraperitoneal de microcistina-LR (MC-LR - 100 μg.Kg-1 de peso corpóreo) submetidos à hipóxia gradual. A exposição à MC-LR reduziu a taxa metabólica, ( VO2 ) e aumentou significativamente a tensão crítica de O2 (PcO2), reduzindo a capacidade de manutenção da 2 VO constante. A ventilação branquial (Vg) aumentou significativa e progressivamente em ambos os grupos experimentais a fim de manter a 2 V&O durante a hipóxia. Ambos os grupos apresentaram o mesmo padrão de resposta respiratória, sendo que os aumentos na G V&foram caracterizados por aumentos no volume ventilatório (VT), enquanto que a freqüência respiratória (fR) se manteve pouco alterada. Entretanto a magnitude dessa resposta foi marcadamente inferior no grupo exposto à MCLR, mostrando que a toxina interferiu de alguma maneira na homeostase do animal impossibilitando-o de desenvolver uma resposta respiratória normal. A MC-LR também reduziu a capacidade de extração de O2 durante a hipóxia severa, provavelmente devido à sua ação lesiva nos tecidos branquiais dos animais contaminados. A freqüência cardíaca (fH) foi significativamente reduzida pela MC-LR em todas as concentrações de O2 experimentais. O grupo controle desenvolveu bradicardia apenas na tensão de 10 mmHg, enquanto que o grupo exposto à MC-LR já exibiu tal resposta a 20 mmHg. O efeito direto da MC-LR sobre o tecido cardíaco provavelmente foi a causa da diminuição da freqüência cardíaca do grupo exposto em relação ao controle e em relação aos seus valores normóxicos. Em conjunto, os resultados do presente trabalho mostraram que a exposição à MC-LR reduz as chances de sobrevivência da espécie estudada em ambientes hipóxicos.

ASSUNTO(S)

fisiologia oreochromis niloticus tilápia do nilo função cardio-respiratória microcistina

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