Efeito da heterogeneidade ambiental em populações naturais de duas espécies arbóreas congenéricas e suas implicações para o manejo e conservação da vegetação ripária

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

09/12/2011

RESUMO

Tão importante quanto elucidar os efeitos do ambiente onde se encontra a planta-mãe também é necessário conhecer a capacidade adaptativa em ambientes distintos, ou seja, conhecer os mecanismos para o seu estabelecimento em ambientes ripários. Poucas informações são disponvíveis para espécies arbóreas que ocorrem em ecossistemas ripários, cujo gradiente ambiental é crucial para a adaptação de indivíduos nestes ecótones. Portanto, estudos sobre a ecologia de espécies vegetais presentes nestas áreas são fundamentais para uma melhor compreensão da dinâmica de distribuição das populações de plantas e de comunidades vegetais. Este estudo teve como objetivo conhecer as possíveis relações entre a diversidade genética e as alterações bioquímicas e morfológicas das estruturas reprodutivas. E com estas informações definir as implicações sobre o manejo e conservação de espécies vegetais ocorrentes em ambientes ripários no que tange à coleta de propágulos e a diversidade genética de suas subpopulações. As espécies estão distribuídas em duas Unidades de Conservação, sendo a Byrsonima verbascifolia (L.) DC. no Parque Estadual do Rio Doce - PERD e Byrsonima intermedia A. Juss. na Estação Ambiental de Peti - PETI. Em cada local duas subpopulações de plantas foram definidas em função de microambientes ripários, sendo que no microambiente margem (MMA) está localizado a subpopulação submetida ao regime de inundação e a maior luminosidade sobre o dossel das árvores, pelo efeito de borda das margens e, no microambiente meio (MME) estão os indivíduos arbóreos distribuídos no interior da vegetação com ausência de inundação. De acordo com os resultados observou que a luminosidade sobre o dossel das árvores varia em função do comportamento ecológico das comunidades vegetais, que está diretamente associado ao regime de inundação. Os solos dos microambientes diferenciam-se nos aspectos de fertilidade, sendo que no PETI, caracterizados por solos mais jovens apresentam maior fertilidade no microambiente MMA, enquanto no PERD, caracterizados por solos mais velhos, são mais férteis no microambiente MME. Foi observada variação morfológica nos caracteres dimensionais de estruturas reprodutivas em subpopulações de microambientes distintos, sendo que B. intermedia varia no comprimento, diâmetro e volume do fruto e B. verbascifolia varia no comprimento total e efetivo de cacho, comprimento e diâmetro do diásporo. B. intermedia e B. verbascifolia produziram maior número de propágulos nos microambientes de menor fertilidade. As subpopulações apresentam baixa diversidade genética (B. intermedia MMA He=0,428; MME He=0,434 e B. verbascifolia MMA He=0,362; MME He=0,370), o fluxo gênico (Nm) foi de 4,8 para subpopulações de B. intermedia e 4,7 para B. verbascifolia. As espécies estudadas apresentaram plasticidade morfoanatômicas distintas em função dos microambientes. Em ambas as espécies, o parênquima paliçádico apresentou maior variação dimensional conforme o microambiente, comparado ao parênquima esponjoso. O comprimento e diâmetro de estômato foram significativamente diferentes para B. intermedia e em partes para B. verbascifolia. Isto indicaria uma maior plasticidade de B. intermedia comparada à B. verbascifolia. A espessura foliar de B.intermedia apresentou uma maior proporção de parênquima paliçádico, enquanto que B. verbascifolia obteve maior espessura de parêquima esponjoso. As maiores variações morfoanatômicas foram encontradas no microambiente MMA, o que pode ser devido a maior variedade de recursos naturais, tais como, luminosidade e disponibilidade hídrica. Indivíduos de B. intermedia e B. verbascifolia presentes no microambiente MMA alocam maior teor de água, proteína, lipídios e fibra bruta comparado àquelas do MME. As maiores concentrações de polifenóis foram encontradas nas subpopulações mais distantes do corpo dua (B. intermedia=0,097%; B.verbascifolia=0,141%), sugerindo uma maior susceptibilidade desta subpopulação à herbivoria. Estudos ecofisiológicos revelaram que a umidade inicial de estrutura propagativas de B. intermedia variou consideravelmente entre os compartimentos, sendo que as sementes atingiram um valor máximo de 10%. A avaliação da taxa de embebição de sementes e diásporo mostrou que as estruturas propagativas seguiram um padrão trifásico com período total de 216 horas. Na área estudada MMA, sob regime de inundação, foram observadas regenerantes de B. intermedia. Os estágios de crescimento do embrião se caracterizam pelo rompimento do diásporo pela raiz primária e crescimento do epicótilo, estiramento das folhas cotiledonares e pigmentação de seus tecidos, prolongamento das folhas cotiledonares, enrijecimento dos cotilédones e do epicótilo e prolongamento do segundo par de folhas cotiledonar. O período total de formação da plântula teve duração média de 21 dias. Uma vez conhecidas estes comportamentos de supopulações nos microambientes, maiores critérios sobre a coleta de propágulos a utilização destes indivíduos como porta-sementes permitirão a conservação e o manejo mais adequado de suas populações caso sejam utilizadas em programas de recomposição vegetal destas áreas.

ASSUNTO(S)

ecologia teses. byrsonima diversidade genética germinação texes. sementes teses. ecofisiologia teses.

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