Educação entre tornos, notas e salários: Escola de Aprendizagem Coronel Frederico Lundgren Rio Tinto/PB (1944-1967)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/10/2011

RESUMO

Na década de 1940, os industriais criaram escolas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) visando preparar mão-de-obra especializada para o trabalho nas fábricas. No interior da Paraíba, essa ideologia industrial também se tornou evidente por intermédio da fábrica de tecidos situada em um distrito de Mamanguape/PB. Tal empreendimento gerava em torno de quinze mil empregos diretos, fruto da isenção do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICM), de âmbito estadual, por vinte e cinco anos, concedida pelo governador da época. Por intermédio da Legislação que implantou o SENAI e da Lei Orgânica do Ensino Industrial, a Escola de Aprendizagem que fosse mantida exclusivamente pelo estabelecimento industrial que a criou, não faria o recolhimento da contribuição compulsória devida ao SENAI, tornando-se assim, uma Escola de Isenção. Dessa forma, esses dois incentivos fiscais contribuíram para atender aos interesses da Companhia de Tecidos Rio Tinto (CTRT) e também para a criação da Escola de Aprendizagem Coronel Frederico Lundgren (EACFL). Essa Escola de Aprendizagem oferecia formação profissional destinada aos filhos de operários e tinha como finalidade a preparação da mão-de-obra para a indústria local. Assim, este estudo tem por objetivos analisar a experiência educacional dos operários da CTRT e reconstruir a história da Escola do SENAI de Rio Tinto (EACFL). Para tanto, este estudo de caso realizou os seguintes tipos pesquisa: bibliográfica, documental e de campo. A pesquisa documental encontra-se circunscrita ao período de 1944-1967 no primeiro marco temporal a criação da escola em 02 de outubro de 1944 por intermédio do acordo de isenção entre o SENAI/PE e a CTRT. A segunda data diz respeito ao fim do referido acordo de isenção em que a EACFL era mantida exclusivamente pela fábrica de tecidos. Para a coleta de dados documentais, mapeamos diários de classe, fichas de controle de alunos, avaliações, certificados e relações de turmas concluintes. Essa coleta ocorreu nos arquivos da CTRT e da Delegacia Regional do SENAI em Campina Grande/PB. Já na pesquisa de campo, valemonos de entrevistas temáticas com ex-alunos/ex-operários da escola e da fábrica, residentes na cidade de Rio Tinto, para a coleta de dados. Recorremos às ideias de Thompson, historiador inglês que tem como um de seus focos de pesquisa a categoria experiência, se articulando com a de cultura. Os resultados indicam que a EACFL, com a filosofia educacional do SENAI, implantou uma cultura escolar para a fábrica e preparava o aluno para transformar-se em um futuro operário eficiente e disciplinado, visando garantir a permanência da exploração do homem pelo capital. No entanto, essa pedagogia capitalista, que capacita para a dominação, criou contornos para fora da escola. A experiência educacional profissionalizante em Rio Tinto por intermédio da escola e da fábrica trouxe também uma educação gerada nesses ambientes de interações sociais e tudo indica que despertou uma nova cultura, ou seja, enfrentar a dominação e mobilizar-se para o âmbito das reivindicações, culminando na organização dos trabalhadores no âmbito sindical e político.

ASSUNTO(S)

meritocracia disciplina cultura escolar educação e trabalho educacao school culture discipline. meritocracy education and work

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