Ecologia de Chiroptera, em áreas de caatinga, com considerações zoológicas e zoogeográficas sobre a fauna de morcegos dos Estados da Paraíba e Ceará. / Ecology of Chiroptera in Caatinga areas, with considerate zoologiques and zoogeographic about the bat fauny of the states Paraíba and Ceará.
AUTOR(ES)
Edson Silva Barbosa Leal
FONTE
IBICT
DATA DE PUBLICAÇÃO
29/02/2012
RESUMO
No bioma Caatinga, apesar deste ser o único exclusivamente brasileiro e uma das 37 grandes regiões naturais do mundo ao lado da Amazônia e do Cerrado, bem como apresentar apenas 52,6% de sua cobertura vegetal original devido ao acelerado ritmo de descaracterização e deserficação que acomete a região, a deficiência no conhecimento da diversidade, taxonomia, ecologia, distribuição geográfica e status de conservação de morcegos prejudicam iniciativas conservacionistas (apenas 2% do bioma é protegido por lei) e de manejo, bem como análises regionais e a comparação da diversidade e riqueza específica entre diversas áreas. O presente trabalho teve como objetivos (i) identificar os componentes da comunidade de Chiroptera em três áreas geográficas de Caatinga nos estados da Paraíba e Ceará, (ii) calcular e comparar os Índices de Diversidade, Riqueza, Dominância, Similaridade e Equitabilidade e, (iii) verificar a influência da sazonalidade na riqueza, abundância e composição de espécies nos ambientes estudados. Após um esforço de captura de 216,2 x 105 h.m2 (24,0 105 h.m2 por área) foram capturados 454 morcegos (excluindo 34 recapturas), pertencentes a 19 espécies, 16 gêneros e cinco famílias: Phyllostomidae (12 espécies/418 capturas), Noctilionidae (2/5), Vespertilionidae (3/24), Emballonuridae (1/6) e Molossidae (1/1). Distribuídos em sete guildas tróficas, com maior representação de frugívoros, insetívoros e nectarívoros. Foram obtidos 142 indivíduos de 11 espécies, com duas exclusivas, Peropteryx macrotis e Noctilio albiventris, Na Fazenda Pé Branco, Coremas, PB (Área I) foram registradas quatro famílias; Para o Sítio Galante, São José de Piranhas, PB (Área II), foram listadas 137 indivíduos de 11 espécies, duas exclusivas (Micronycteris megalotis e Molossus molossus e 175 indivíduos de 13 espécies, com cinco exclusivas (Artibeus lituratus, Sturnira lilium, Phyllostomus discolor, Eptesicus sp. e Lasiurus blossevillii) distribuídos entre duas famílias no Sítio Cajuí, Milagres, CE (Área III). Das 19 espécies coletadas no geral, destaca-se o primeiro registro de Noctilio albiventris para o estado da Paraíba. O presente registro expande para 57 o número de espécies listadas para a Paraíba e para 39 aquele registrado na Caatinga desta. E, enfatiza que o incremento de levantamentos direcionados aos noctilionídeos nesse estado, deve resultar não apenas em novos registros, mas também na obtenção de dados que ajudem a inferir sobre o status de conservação dessa espécie considerada uma bio-indicadora de qualidade de água e poluição aquática. Cuja distribuição, e abundância, pode estar fortemente relacionada a qualidade física e química do habitat. A espécie mais abundante nesses inventários foi Artibeus planirostris (n=241; 53,08%), seguida por Carolliia perspicillata (n=89; 19,60%), Glossophaga soricina (n=50; 11,01%) e Myotis nigricans (n=22; 4,84%), que juntas representam 84,55% de todos os indivíduos capturados. Com uma diversidade baixa, salvo quando considerado toda a região amostral, devido à dominância de A. planirostris, C. perspicillata e G. soricina, a riqueza observada em cada área está dentro do esperado para a Caatinga, apesar de a média dos estimadores de riqueza, baseados na abundância e incidência, utilizados indicar um esforço amostral insatisfatório diante do esforço de captura empregado nas áreas I (PB) (Ec=2000 h.rede; Sobs=11; Chao 1= 12 (Mín.), Jacknife 2= 17,68 (Máx.), Méd.= 13,74; H=0,79; 1-D=0,60; Eq=0,33 Dbp=0,59; Ds=0,40), II (PB) (Ec=2000 h.rede; Sobs= 11; Bootstrap= 12,81 (Mín.), Chao 2= 20,44 (Máx.), Méd.= 15,64; H=0,78; 1-D=0,62; Eq=0,33; Dbp=0,58; Ds=0,38) e III (CE) (Ec=2000 h.rede; Sobs= 13; Bootstrap= 15,22 (Mín.), Chao 2= 20,35 (Máx.), Méd.= 21,14; H=0,99; 1-D=0,73; Eq=0,39 Dbp=0,44; Ds=0,27) e na amostragem total (Ec=6000 h.rede; Sobs=19; Bootstrap= 22,16 (Mín.), Chao 2= 32,75 (Máx.), Média= 26,39; H=1,57; 1-D=0,67; Eq=0,53 Dbp=0,18; Ds=0,11). O Teste t (student) demonsstrou que não há diferenças significativas entre os índices de diversidade de Shannon para os pares: Áreas I (PB) e II (PB) (Tcalc=0,062; gl=278,52; p>0,05), Áreas I (PB) e III (CE) (Tcalc=1,29; gl=309,19; p>0,05) e, Áreas II (PB) e III (CE) (Tcalc=1,34; gl=299,94; p>0,05). Quanto à similaridade, as mais próximas são I e II (PB) (J=0,57; Cn=0,86) e as menos similares são II (PB) e III (CE) (J=0,41; Cn=0,78), sendo a média da taxa de similaridade geral de 46% (Jaccard) e 80% (Sonresen). Na amostragem geral ocorreu uma variação na abundância e riqueza entre a estação seca (152 capturas; 17 espécies), a qual representou 33,48% e 89,47% do total de capturas e espécies registradas no presente estudo, respectivamente, e chuvosa (302 ou 66,52%; 13 ou 68,42%), com diferença significativa na abundância (x2 = 51.345, gl = 18, p = 0). Onze espécies ocorreram nas duas estações e oito foram exclusivas, duas no período chuvoso L. blossevillii (n=1) e M. molossus (n=1) e seis no seco P. macrotis (n=6), N. albiventris (n=2), M. megalotis (n=1), P. discolor (n=1), S. lilium (n=1) e Eptesicus sp. (n=1). O número de capturas por espécie variou entre as estações seca e chuvosa, com diferença significativa para A. planirostris (181/chuvosa e 60/seca), a espécie mais abundante, e C. perspicillata (62/chuvosa e 27/seca), mais capturadas no período chuvoso. Não houve diferenças significativas na abundância das espécies entre as duas estações climáticas nas áreas II (PB) (X2 = 17.102, gl = 10, p = 0.0721) e III (CE) (X2 = 3.743, gl = 12, p = 0.9876), apenas para a área I (PB) (X2 = 53.365, gl = 10, p = 0). E, de forma geral, para as três áreas estudadas entre os períodos seco e chuvoso não houve diferenças significativas na riqueza específica (X2 =0,554; gl =2; p =0,75).
ASSUNTO(S)
morcegos semiárido inventário floresta tropical seca ecologia bat semi-arid inventary tropical dry forest
ACESSO AO ARTIGO
http://200.17.137.108/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1588Documentos Relacionados
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