Doxorrubicina e ifosfamida em dose densa em pacientes com sarcomas de partes moles e expressão de ezrina como fator de prognóstico / Doxorrubicina e ifosfamida em dose densa em pacientes com sarcomas de partes moles e expressão de ezrina como fator de prognóstico

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O prognóstico de pacientes portadores de sarcomas de partes moles (SPM) avançados é reservado. Aumentar o benefício de quimioterapia é necessário, sendo, uma das estratégias, quimioterapia em dose densa, a qual demonstrou benefício em câncer de mama. Por outro lado, a busca de um marcador prognóstico é importante para uma melhor seleção de pacientes que se beneficiariam de protocolo de tratamento mais intensivo. A ezrina é uma proteína que liga o citoesqueleto celular a proteínas de membrana, está associada a invasão celular e metástase e sua hiperexpressão tem sido associada a um pior prognóstico em sarcomas de partes moles. O objetivo deste estudo foi avaliar o papel de quimioterapia com dose densa em pacientes portadores de SPM de alto grau, avançados. O desfecho primário foi taxa de resposta e os secundários foram sobrevida global (SG), sobrevida livre de progressão (SLP), perfil de toxicidade, qualidade de vida e controle de dor. Avaliou-se também a expressão de ezrina por imunohistoquímica como marcador de prognóstico, com o intuito de estratificação da população que poderia se beneficiar mais desta abordagem intensificada. Neste estudo de fase II prospectivo, vinte e um pacientes foram incluídos. A idade mediana foi 37 anos (23-60) e extremidades inferiores foram o sítio primário mais comum. Sarcoma sinovial, leiomiossarcoma e sarcoma sem outras especificações foram as histologias mais frequentes. O protocolo consistiu de seis ciclos seqüenciais de doxorubicina 30mg/m2 D1-3 e ifosfamida 2,5g/m2 D1-5 a cada 14 e 21 dias, respectivamente, seguidos por sete dias de suporte hematopoiético. As intensidades de dose medianas de doxorrubicina e ifosfamida foram, respectivamente, 42mg/m2/semana e 3,63g/m2/semana (93% e 87% do planejado, respectivamente) e 15 pacientes (71%) receberam todo o tratamento. Toxicidades graus 3 e 4 foram observadas em 19 pacientes e em 77/105 ciclos, neutropenia febril em 6 ciclos (5 pacientes) e reduções da fração de ejeção de ventrículo esquerdo de pelo menos 10% em três pacientes. Não houve toxicidade renal provavelmente pela adminsitração da ifosfamida em duas horas. A resposta foi avaliada pelos critérios de RECIST, com três respostas parciais, totalizando uma taxa de resposta de 14%. Seis respostas deveriam ser observadas para que o estudo completasse a inclusão de todos os pacientes programados. Como não se atingiu a taxa de resposta prevista, o protocolo foi fechado. Três mortes precoces foram observadas com suspeita de toxicidade. Após seguimento mediano de 11 meses, a SLP e a SG medianas foram 8,1 e 20,1 meses respectivamente. Pacientes com sarcoma sinovial e idade inferior a 45 anos apresentaram maior sobrevida na análise univariada. A expresão de ezrina foi positiva em 10 pacientes (47%) e houve tendência a uma correlação direta entre sua expressão e sobrevida mais longa (p=0,1191). Todos os pacientes com histologia sinovial foram positivos para ezrina (teste de Fischer, p= 0,0325). Este esquema de quimioterapia sequencial com dose densa de doxorubicina e ifosfamida foi tóxico, a taxa de resposta foi baixa em um grupo de pacientes com doença avançada e não pode ser empregado na prática clínica diária fora de protocolo de pesquisa

ASSUNTO(S)

dose-response relationship drug doxorubicin ifosfamida sarcoma de partesmoles survivorship (public health) doxorrubicina imunoistoquímica sarcoma sobrevida ifosfamide immunohistochemistry relação dose-resposta a droga

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