Discussões socioambientais na Amazônia oriental : uma reflexão sociologica a partir da agricultura familiar no sudoeste do Pará

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2012

RESUMO

A presente pesquisa teve como tema as complexas situações envolvidas no que se poderia designar como uma problemática socioambiental em torno da agricultura familiar na Amazônia Oriental, mais especificamente na região Sudeste do Pará, que envolve questões como a expansão do desmatamento, visto principalmente como consequência da adoção do sistema técnico de corte-e-queima associado a um processo crescente de pecuarização dos sistemas produtivos familiares. Tendo em vista que esse contexto é amplo e complexo, optou-se por analisar as situações constituídas a partir das redes de relações sociais de abrangência local e regional envolvendo o tema específico da agroecologia. Tendo por base esses pressupostos, se propôs nesse trabalho analisar as formas como as cadeias de mediação que problematizam temáticas agroecológicas incidem sobre as práticas produtivas de agricultores familiares que estão se integrando aos mercados em áreas de ocupação mais antiga (entre cerca de 20 a 30 anos) na fronteira agrária do Sudeste Paraense. Visando dar elementos de resposta a esse questionamento, como grade de leitura analítica das situações concretas se escolheu utilizar a corrente da sociologia da tradução, que busca identificar as questões ambientais em um contexto maior que as situam no âmbito de um continuum sociedade-natureza. Para isso, esse conjunto teórico se utiliza da análise de redes sócio-técnicas, que envolvem em suas tramas as relações entre humanos e objetos, e que se expandem por meio de complexos procedimentos sociais de tradução. A principal estratégia metodológica utilizada foi a da observação participante, visando ¿seguir os atores¿ que fazem parte da rede sócio-técnica que discute a agroecologia no Sudeste do Pará, descrevendo-a desde as arenas de embates e discussões, passando por espaços acadêmicos e institucionais, até chegar aos agricultores familiares em seus estabelecimentos, por meio da descrição do caso de um assentamento da região. Os principais resultados alcançados permitem afirmar que entre os agricultores expostos à cadeia de mediação estendida pelos atores sociais que discutem a agroecologia, podem ser adotadas atividades produtivas que permitam sair da dependência socioeconômica da pecuária extensiva, principalmente por meio de diferentes políticas públicas que podem estimular alternativas de diversificação produtiva (como a expansão da fruticultura), mas essas atividades muitas vezes são adotadas sem uma recusa a elementos que podem ser identificados como fazendo parte de um processo de modernização tecnológica da agricultura. Isso pode demonstrar que essa última rede apresenta-se mais longa e ampliada em suas conexões e interfaces e com maior facilidade de expansão entre os agricultores da região, que podem estar indo em direção a um uso mais intensivo de insumos externos às propriedades rurais. A cadeia de mediação da agroecologia incide em alguns desses espaços, mas ainda se apresenta de modo incipiente na constituição de um processo de interessamento e engajamento dos agricultores em torno de práticas produtivas pensadas a partir de princípios agroecológicos. Essas conclusões podem apontar algumas tendências que servem de leitura reflexiva para analisar as prováveis transformações nas áreas de fronteira agrária de ocupação mais antiga pela agricultura familiar na região do Sudeste Paraense.

ASSUNTO(S)

sociologia da agricultura pará sociologia rural eastern amazonia family agriculture agrarian border agricultura familiar fronteira agrícola agroecology agroecologia sociology of translation

Documentos Relacionados