Discurso e(m) imagem sobre o feminino: o sujeito nas telas / Discourse in image on the feminine: the subject in the screens

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

07/08/2012

RESUMO

Este trabalho aborda a relação da mulher com a sensualidade tal como retratada em quatro filmes dos anos sessenta, oriundos de diferentes países. São eles: Nunca aos Domingos (Pote tin Kiriaki, 1960), de Jules Dassin; Repulsa ao Sexo (Repulsion, 1965), de Roman Polanski; A Bela da Tarde (Belle de Jour, 1967), de Luis Buñuel e A Primeira Noite de um Homem (The Graduate, 1967), de Mike Nichols. Para tanto, utilizamos como referencial teórico a Análise do Discurso de matriz francesa. Interessa-nos buscar os efeitos de sentido presentes nestes filmes sobre a representação da mulher e seu diálogo conflituoso com a instituição familiar, com o matrimônio e com a sensualidade, sempre atentando para os movimentos do sujeito que fazem falar, de modo heterogêneo, uma memória discursiva sobre o que é ser mulher, levando à tona regiões de sentido antes vetadas que envolvam prostituição, casamento, família e sexo. O objetivo geral da pesquisa é compreender os efeitos de sentido no discurso sobre a sensualidade feminina inscritos nos processos verbal e não-verbal em filmes dos anos sessenta, marcando especialmente o modo de o sujeito produzir sentidos e se constituir em sujeito discursivo. Como é nosso escopo apontar as (muitas) interpretações possíveis numa década de transição (dentro e fora das telas) sobre a emancipação da mulher, encontramos na Análise do Discurso (AD) de matriz francesa o referencial pertinente para rastrear os múltiplos sentidos sobre o feminino que se inscrevem nesses filmes. Por meio deste referencial teórico, visamos o estudo da linguagem em suas práticas sociais, pois a compreensão do discurso passa necessariamente pela sociedade, visto que história e linguagem se afetam e alimentam mutuamente. Definindo a linguagem como trabalho, a disciplina desloca a importância dada à função referencial da linguagem, a qual ocupa posição nuclear na Lingüística clássica, que defende esse enfoque ma comunicação, ou na informação; assim, o viés da AD entende a linguagem como ato sócio-histórico-ideológico, sem negar o conflito, a contradição, as relações de poder que ela traz em seu bojo. O sentido, na perspectiva discursiva, não tem origem nem no sujeito, nem na história. Sujeito e sentido se constituem simultaneamente. Não há um sentido adâmico, legítimo, para um significante qualquer. Só existem efeitos de sentido. Em vista disso, os sentidos não existem por si, mas são determinados pelas posições ideológicas do sujeito, o que faz com que a interpretação das palavras mudem de acordo com essas posições. Isso acontece porque a apropriação da linguagem pelo sujeito não se dá num movimento individual, mas social. Buscamos também bases metodológicas na própria AD para rastrear o discurso inscrito em obras cinematográficas, buscamos trabalhar o não-verbal em seu sentido amplo, indo além do conceito de narrativa. As imagens não falam, mas significam por sua materialidade visual, portanto será analisada aqui a partir dessa perspectiva. Como resultado de nosso trabalho, obtemos as regularidades discursivas dos recortes e/ou segmentos analisados, suas relações com o interdiscurso e as Formações Discursivas (FDs) em jogo, os modos de inscrever a resistência e a ruptura com o já-lá sobre a sensualidade feminina. Feito isso, nos foi possível traçar um panorama com o arquivo sobre o feminino e sua sensualidade no cinema dos anos sessenta, compreendendo como o sujeito recortou a memória para fazer circular dizeres até então silenciados.

ASSUNTO(S)

análise do discurso cinema discourse analysis feminine feminino imaginário imaginary movies sexualidade sexuality

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