Diabo e fluoxetina : formas de gestão da diferença / Devil and fluoxetine : forms of difference´s management
AUTOR(ES)
Mariana Magalhães Pinto Côrtes
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
13/01/2012
RESUMO
Quando a diferença surge como problema? Quando o diferente torna-se objeto de intervenção? Qual foi a primeira agência que se ocupou com a diferença como questão a ser administrada? A religião monoteísta e o Estado-nação apresentam modelos análogos no combate à diferença? Essas são questões que motivam a presente tese. Na primeira parte do trabalho, analisa-se a gestão moderna da diferença, condensada em três modalidades de guerra: a guerra contra os estranhos (Zygmunt Bauman), a guerra contra os anormais (Michel Foucault), a guerra contra os homini sacri (Giorgio Agamben). No drama das três guerras, desvela-se a íntima solidariedade entre liberalismo e racismo, democracia e totalitarismo. Eugenia, genocídio, biopolítica, assimilação, disciplina compuseram as estratégias modernas da batalha contra a diferença. Elas permanecem sendo as formas de administração da diferença na sociedade contemporânea? Para responder a pergunta, a pesquisa toma dois grupos como objeto de estudo: 1) pregadores-itinerantes evangélicos, que vivem do expediente de vender suas histórias de vida violentas e despedaçadas no mercado religioso de pregações; 2) sujeitos oriundos do universo social do campesinato que foram diagnosticados, segundo as premissas da nova psiquiatria biológica, com depressão. O sofrimento como mercadoria, no primeiro caso, o sofrimento como vergonha, no segundo, revela duas modalidades emergentes de gestão da diferença. Em ambas, os indivíduos não devem mais passar por procedimentos de conversão, reforma, domesticação. Na nova forma de "governamentalidade" (Foucault, 2008), o plano de construção de uma sociedade transparente, una e límpida dá lugar a um jogo, em que os indivíduos não devem mais ser reformados, expurgando-lhes sua odiosa diferença, mas geridos, conduzidos na estranha e tautológica arte de se tornar apenas aquilo que são. Na sociedade contemporânea, os indivíduos não são obrigados a se desvencilhar dos incômodos signos de sua diferença. Ao contrário, se vêem condenados à suas diferenças, como um destino inescapável
ASSUNTO(S)
diferença (filosofia) religião depressão mental psiquiatria neoliberalismo difference (philosophy) religion depression mental psychiatry neoliberalism
ACESSO AO ARTIGO
http://libdigi.unicamp.br/document/?code=000841412Documentos Relacionados
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