Desfuncional / Defunctional

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Desfuncionalizar as linguagens desfuncionalizar a cultura desfuncionalizar a vida. esta frase, com que a professora lucrécia ferrara sintetizou minha pesquisa, orientou a elaboração deste trabalho, iniciado pela leitura das obras fonte (1917), de marcel duchamp, e a traição das imagens (1928), de rené magritte. tais obras, como jogos de linguagens que são, como textos profundamente conscientes de suas formação e relação com os demais de sua cultura, contribuíram para formar as questões teóricas que comporiam a seqüência do trabalho, seu corpo principal. a relação das linguagens com o mundo, com a cultura pregressa que as conforma, das linguagens entre si, no interior desta cultura, e suas possibilidades de desdobramento, seus funcionamentos e processos, foram estudados, a partir de referências bibliográficas vindas da semiótica, da lingüística, da teoria e crítica de arte e, sobretudo, da filosofia (destaque para as obras de jacques derrida, gilles deleuze e félix guattari, e roland barthes; com contribuições mais pontuais, como as noções de carnavalização e intertextualidade de mikhail bakhtin, a dominância nas funções de linguagem em roman jakobson, as obras de charles peirce e ludwig wittgenstein, as análises do riso, por henri bergson, e do jogo, por johan huizinga), bem como de exemplos literários (destacadamente os livros de lewis carroll das aventuras de alice e o dom quixote, de miguel de cervantes). ao empobrecimento de nossas escrituras (nossas linguagens cultura e vida, num movimento contínuo e complexo que nos impede assim separá-las), à sufocação de suas potências por suas formas consagradas e suas funções previstas, à estagnação que a funcionalidade racionalista impõe às coisas e ao nosso estar entre elas, sob a forma de uma língua estável e definida num mundo de coisas idem, o trabalho encontra a proposta de uma escritura plenamente consciente de si, de sua constituição, seu desenvolvimento, suas escolhas, seus diálogos, sua inserção em seu contexto, e do espaço aberto entre o texto que ela se faz e o texto que fariam as normas e hábitos da linguagem para comunicar; uma escritura permanentemente atenta ao jogo, atenta ao seu corpo e às figuras que pode criar neste espaço vital que abre; uma escritura que não se esgote num fim, não se apague na repetição de um modelo, nem se necrose numa verdade; escritura poética em cuja ocorrência se abram possibilidades de construção de sentidos, para além dos significados cristalizados; irrupção do devir-música da escritura, do desfuncional (que não se resolve nem se resume na dualidade função e disfunção phármakon: remédio e veneno), dos funcionamentos patológicos, escritura apaixonada, saturação do texto, transbordamento, na desconstrução do funcionalismo de nossa cultura e de suas fronteiras.

ASSUNTO(S)

poetics filosofia da linguagem desconstrução poética semiótica language philosophy deconstruction semiotics

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