Desenvolvimento de uma tecnica imunoenzimatica quantitativa para o imunodiagnostico da neurocisticercose

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

A cisticercose é considerada um importante problema de saúde pública em países da Ásia, África e América Latina. Na América Latina, freqüências elevadas desta doença têm sido registradas no México, Peru, Chile e Brasil. A doença é causada pela infecção com o estágio larval (Cysticercus cellulosae) do parasita Taenia solium. Isto ocorre através da ingestão de alimentos contaminados por fezes, contendo ovos de T. solium, de auto-infecção fecal-oral ou de auto-infecção por peristalse reversa. A forma embrionária do parasita penetra a mucosa intestinal, cai na corrente sangüínea, migrando, principalmente, para músculo esquelético, tecido subcutâneo, olhos e sistema nervoso central (SNC). Quando os cisticercos estão presentes no SNC (neurocisticercose), dependendo do número, localização e estágio de desenvolvimento, podem causar sintomatologia extremamente severa. As manifestações clínicas da neurocisticercose são variadas e inespecíficas. Assim, o diagnóstico definitivo deve ser sempre considerado em um contexto epidemiológico e confirmado por dados laboratoriais e de imagem. As técnicas de neuroimagem, tais como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética nuclear, além de permitirem um diagnóstico mais preciso da neurocisticercose, têm contribuído para uma melhor compreensão dos processos patofisiológicos da infecção. Entretanto, devido ao seu alto custo, as técnicas de imagem são, praticamente, inacessíveis para países em desenvolvimento, onde a incidência da doença é bastante elevada. A pesquisa de anticorpos anti - C. cellulosae em amostras de líq~ido cefalorraquidiano (LCR) de pacientes com suspeita clínica de neurocisticercose tem sido muito utilizada para o diagnóstico da infecção. No presente estudo, é descrita uma técnica imunoenzimática (ELISA) quantitativa para o imunodiagnóstico da neurocisticercose. A técnica de ELISA foi padronizada usando uma fIação purificada (FPC I) de um extrato bruto de C. cellulosae, obtida por meio de cromatografia de troca iônica em coluna de DEAE-Sephacel. Em um estudo comparativo, a técnica quantitativa de ELISA usando a fração FPC I (ELISA-FPC) e uma técnica de ELISA qualitativa padronizada com um extrato bruto de C. cellulosae (ELISA-EBCC) foram usadas para a pesquisa de anticorpos IgG anti - C. cellulosae em amostras de LCR de 57 pacientes com neurocisticercose e 50 pacientes com infecções heterólogas (neurosIfilis, neurotoxoplasmose, neurocriptococose, esc1erose múltipla e meningites bacteriana e viral). As duas técnicas de ELISA apresentaram sensibilidade de 95% , enquanto que as especificidades obtidas com as técnicas ELISA-FPC e ELISA-EBCC foram de 100% e 92%, respectivamente. O bom desempenho, em tennos de sensibilidade e especificidade, aliado ao baixo custo, indicam que a técnica ELISA-FPC pode ser de grande utilidade para o imunodiagnóstico da neurocisticercose

ASSUNTO(S)

reações antigeno-anticorpo liquido cefalorraquidiano

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