Cultura escolar: um olhar sobre a vida na escola

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O presente trabalho focaliza a cultura escolar articulando as perspectivas institucional e cultural, as quais a configuram como realidade multidimensionada, dialética e em constante movimento. Fundamentou-se na produção existente no campo institucional, com base em Foucault (1979, 1987 e 1996), Castoriadis (1982) e Lourau (1996); no campo organizacional, com apoio em Ball (1996); no campo da teoria da cultura, cujos alicerces foram buscados em Williams (1979, 1982 e 2002), e no campo da cultura escolar, embasado em Viñao Frago (1995, 1998 e 2005). Foi, portanto, nosso objetivo a construção de referenciais que sustentassem o desvelamento da cultura escolar, o conhecimento e compreensão da cultura de escolas públicas de educação básica e a formulação de propostas voltadas a contribuir com a tematização e transformação da cultura existente, tornando-a mais próxima dos atuais desafios da educação contemporânea. A investigação desenvolveu-se numa perspectiva qualitativa e de estudos culturais, compreendendo pesquisa bibliográfica, observação participante, análise documental e entrevistas em duas escolas de ensino fundamental e médio da rede pública estadual, localizadas em Ponta Grossa, Paraná. A inserção nas escolas se deu em momentos coletivos como reuniões pedagógicas e conselhos de classe, e também no encaminhamento cotidiano do trabalho pedagógico, acompanhando especialmente os professores em hora-atividade e os diretores e pedagogos no exercício da gestão escolar. Além dos projetos pedagógicos das escolas e atas de conselho de classe, foram analisados também documentos políticos da Secretaria de Estado da Educação, voltados a orientar e institucionalizar o trabalho das instituições escolares. Quanto à metodologia para aproximação à cultura da escola, os pressupostos teóricos foram confrontados com as políticas a que se relacionavam e com a prática escolar, conforme sugere Viñao Frago (1995). Os dados coletados apontaram, inicialmente, a atuação instituinte das escolas face às políticas advindas do Estado, acatando-as parcialmente, atribuindo-lhes caráter formal, flexibilizando-as ou até mesmo negando-as. Diante delas, as escolas demonstraram criar mecanismos próprios para a gestão do trabalho pedagógico, desenvolvendo estilos particulares de se relacionar com os resultados educacionais e as questões cotidianas. Observamos que esses mecanismos têm levado as escolas a se manterem relativamente fechadas em relação ao contexto social e às mudanças que elas mesmas reconhecem necessárias em sua comunidade local, bem como a utilizarem estratégias para resolução de problemas e modalidades de comunicação que dificultam seu autoconhecimento, reflexão sobre sua prática e, conseqüentemente, transformação. Explica-se, assim, a não consolidação dos movimentos instituintes micro e a manutenção da uma tradição funcionalista e burocrática na gestão do trabalho pedagógico. Essa tradição assume uma posição ativa, agindo como uma espécie de meso-micropolítica da escola, desencadeada quiçá para evitar mudanças e/ou para se proteger. Por fim, entendemos que as condições de trabalho e a cultura docente, a fixidez estrutural de elementos como o tempo e os espaços escolares, trazidas pelas políticas e naturalizadas pelas escolas, e a ausência de processos sólidos de formação continuada, capazes de fazer emergir os sentidos existentes e a epistemologia da prática escolar, são fatores fortemente impeditivos da transformação emancipatória da instituição escolar

ASSUNTO(S)

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