Consoante pós-vocálica final no PB : onset de sílaba com núcleo vazio

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2012

RESUMO

Esta tese trata do estatuto silábico das consoantes finais /r, l, s, n/ no Português. Partimos, inicialmente, da proposta de Harris e Gussmann (1998), segundo a qual as consoantes finais não ocupam a coda silábica, mas são onsets de sílabas com núcleos vazios. Essa proposta baseia-se em uma concepção de estrutura silábica independente da estrutura segmental e que obedece às condições próprias (condições de licenciamento), as quais determinam a boa formação silábica. Nesse sentido, a estrutura silábica pode ser bem formada independentemente da estrutura segmental que a preenche. Assim se explica a ideia de Harris e Gussmann (1998) de núcleos vazios, isto é, de sílabas bem-formadas em termos de estrutura silábica, mas com núcleo não preenchido. Para procedermos a esta discussão, o trabalho foi subdividido em quatro capítulos. No primeiro, apresentamos a abordagem de que consoantes finais são onsets, buscando entender as implicações dessa abordagem e seus desdobramentos. Fazemos também uma comparação com abordagens alternativas, como a da extraprosodicidade e das semissílabas. Noções como a de licenciamento e outros detalhes da perspectiva adotada por Harris e Gussmann (1998) são explicitadas no capítulo 2, no qual também buscamos abordar os principais pressupostos da tese. Embasamo-nos na perspectiva de que a gramática é regida por princípios e parâmetros, admitindo marginalmente a existência de condições e regras específicas à língua. Adotamos também a perspectiva da existência de mais de um nível representacional. A abordagem considera tanto níveis derivacionais, como proposto pela Fonologia Lexical, Kiparsky (1982), quanto a de representação abstrata das estruturas fonológicas, com vários níveis (tiers) estruturais independentes, hierarquicamente organizados. Dessa forma, o núcleo vazio é criado no Léxico e pode ser preenchido, ainda nesse nível, por vogais introduzidas pela sufixação e pela flexão. Por outro lado, uma sílaba com núcleo vazio pode prosseguir até o nível pós-lexical sem precisar ser preenchido com conteúdo segmental. No capítulo 3, trazemos algumas línguas para as quais foi defendida na literatura a existência de consoante final como onset de um núcleo vazio, que denominamos línguas NV. Diferentes processos ilustram a existência dessas categorias após uma consoante na posição final. A observação das evidências para os núcleos não preenchidos foneticamente em distintos idiomas reforça a ideia de que eles sejam estruturas representacionais possíveis; além disso, traz informações para a construção da argumentação da análise de núcleos vazios para o Português. No capítulo 4, argumentamos pela análise das consoantes finais /l, r, s/ como onsets de sílabas com núcleos vazios. Para essa argumentação, trazemos inicialmente a análise do estatuto silábico das consoantes finais no Português Europeu, com base em Mateus e D¿Andrade (2000). Em seguida, analisamos argumentos baseados na literatura sobre o Português Brasileiro para cada um dos segmentos finais, mostrando que a análise como onset final é compatível com o comportamento observando para essas consoantes. A nasal final, por sua vez, não pode ser considerada onset como as outras, pois se trata do processo de nasalização da vogal, em que não há um segmento consonantal, mas um glide nasal, conforme Battisti (1997). Por fim, propomos a representação de uma estrutura CVC] como constituída silabicamente como CV.CØ]. A análise adota, ainda, a existência do Parâmetro da Consoante Final que estaria ativado no Português Brasileiro.

ASSUNTO(S)

língua portuguesa portuguese fonologia phonology sílaba syllable consoantes onset empty nucleus ataque (fonologia)

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