Configurações das funções paterna e materna no cenário da adolescência em conflito com a lei

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

20/12/2012

RESUMO

As funções paterna e materna constituem a temática deste estudo, que teve por objetivo investigar as modalidades de exercício parental no cenário da adolescência em conflito com a lei. Foram elaboradas duas seções sobre a temática: uma Seção Teórica e uma Seção Empírica. A Seção Teórica propõe, a partir de uma revisão da literatura, apresentar uma reflexão acerca da complexidade da constituição do sujeito psíquico e a importância dos cuidados oferecidos pelas figuras parentais principalmente nos tempos iniciais de vida de um sujeito. Explorou os conceitos de função paterna e materna, levando em consideração aquilo que diz respeito tanto à construção da subjetividade como a elementos invariantes da construção do psiquismo. Aportes teóricos da Psicanálise foram utilizados na tentativa de obter uma compreensão aprofundada sobre o tema, destacando os efeitos de demandas contemporâneas no exercício parental. Destaca-se a necessidade de que as relações entre pais e filhos sejam pautadas pela assimetria, pelo exercício da autoridade simbólica e da apresentação de limites para que se estabeleçam possibilidades de encontros sustentados pelo reconhecimento da alteridade. A Seção Empírica, a partir do método qualitativo de pesquisa, investigou a compreensão que as figuras parentais fazem do ato infracional do filho, buscando explorar as modalidades de funções paterna e materna na situação de filhos em conflito com a lei, bem como os significados atribuídos à paternidade e à maternidade. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com quatro mães, três pais e um padrasto, responsáveis por adolescentes entre 15 e 18 anos de idade, que se encontravam envolvidos com audiências no sistema judiciário. O material obtido nas entrevistas foi analisado e discutido por meio da Análise de Conteúdo. Para interpretar os dados, utilizou-se o referencial teórico psicanalítico. Identificaram-se quatro categorias finais: A partir da ótica parental: uma leitura dos impasses à implicação no cuidado, Nuances singulares das configurações e das relações familiares, Descortinando o universo parental e, por último, Espaços sociais e institucionais: fatores de incremento ao desamparo parental. Constatou-se a existência de histórias de vida parentais marcadas pela fragilidade nas relações e pela dificuldade em estabelecer modalidades relacionais de cuidado consigo e com o outro. Evidenciou-se a precária condição das figuras parentais de investirem afetivamente em seus filhos, sendo que, muitas vezes, desconheciam questões importantes referentes as suas vidas. Se pôde verificar ainda o estabelecimento de configurações familiares simétricas, nas quais não havia por parte dos pais o estabelecimento de uma autoridade simbólica necessária na apresentação de limites aos filhos. Foi possível observar que as figuras parentais atribuíam o ato infracional cometido pelos filhos a elementos externos, bem como apresentavam uma visão pouco conectada com a real dimensão da problemática explicitada por seus filhos. Também foi possível ampliar a compreensão da temática a partir da consideração dos efeitos oriundos de precárias condições sociais e da queixa dos participantes a respeito da ineficiência de algumas instituições. A teoria psicanalítica foi um importante recurso de trabalho com o material obtido, fomentando uma discussão aprofundada que contemplou a complexidade de uma situação na qual o exercício das funções parentais adquiriu contornos singulares.

ASSUNTO(S)

psicologia clÍnica psicanÁlise relaÇÕes intrafamiliares delinquÊncia juvenilpais e filhos maternidade paternidade psicologia

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