Compreeendendo o tempo vivido por adolescentes do gênero feminino com experiências de viver na rua e em abrigos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A diversidade de modos possíveis das adolescentes construírem suas espacialidades e temporalidades, vivendo nas ruas e em abrigos, tem sido focalizada sob diversas óticas nos campos da saúde, educação, sociologia, entre outras áreas. Recorrendo a estudos e pesquisas que investigam essa temática focamos a interrogação que revela a intencionalidade em compreender o modo como as adolescentes que se encontram em abrigos vivenciam o tempo. Nesse sentido, o presente trabalho se propõe a compreender o tempo vivido por essas pessoas, com experiências de viver na rua e em abrigos, na tentativa de possibilitar novos modos de atuação dos profissionais de saúde e áreas afins. Os pressupostos filosóficos da investigação fenomenológica - modalidade do fenômeno situado - fundamentam a investigação. Como a experiência é sempre vivida por um sujeito, situado espaço-temporalmente no horizonte da historicidade do seu real vivido, meninas que estavam experienciando o habitar o abrigo por, no mínimo, quatro meses anteriormente ao início da coleta de dado, participaram da investigação. Por meio de entrevistas semi-estruturadas e atividades de colagem, buscamos por um material que nos permitisse compreender as experiências relacionadas ao tempo vivido pelas participantes. Dos resultados submetidos à análise ideográfica, seguida da elaboração de uma matriz nomotética, emergiram duas grandes categorias abertas: modos de habitar e modos de se perceber sendo. Estas revelaram que, diante da exigência originária do ser-ai e da presença em buscar sua realização nos diversos modos de ser-com, as meninas habitam a rua como uma alternativa ao habitar a casa e, finalmente, o abrigo com a esperança de realizarem seus projetos existenciais. Nesse sentido, sinalizam para o abrigo não como um espaço físico, mas como um espaço vivido, onde educadores e educandos estão sendo-unscom- os-outros. As grandes categorias desvelam a vivência no presente tanto do passado, por intermédio das recordações, lamentos e pesares, assim como do tempo futuro, por meio de ações vislumbrando satisfazer desejos, na esperança da reconstrução da decadência, possibilitando assim, ações éticas baseadas na redimensão da própria existência e no arrependimento. Esta investigação possibilitou perceber, também, que o tempo vivido no abrigo se constitui em uma oportunidade para a atuação de equipe multi e transdisciplinar envolvendo educadores, psicopedagogos, assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, médicos, entre outros. Possibilitou ainda evidenciar a necessidade de uma reconstrução das políticas públicas de atenção às adolescentes que venham a contemplálas em suas dimensões existenciais.

ASSUNTO(S)

existencialismo ciencias da saude existentialism gestalt - terapia teenager homeless children abrigo time, perception of tempo, percepção do menores de rua adolescente gestalt - therapy foster home

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