Cinemática ventilatória e padrão respiratório durante exercício com limiar de carga inspiratória em indivíduos com insuficiência cardíaca

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/02/2011

RESUMO

O treinamento muscular inspiratório realizado por meio do exercício com limiar de carga inspiratória é utilizado na reabilitação de indivíduos com insuficiência cardíaca (IC). Apesar de alguns estudos relatarem a realização desse exercício associado à respiração diafragmática (RD), é necessário identificar se essa associação traz vantagens do ponto de vista da ventilação. Os objetivos deste estudo foram caracterizar a cinemática ventilatória e o padrão respiratório de indivíduos com IC, avaliar a resposta ventilatória durante a realização do exercício inspiratório associado e não associado à RD e compará-los aos indivíduos saudáveis. Foram incluídos indivíduos com IC (grupo IC - GIC, fração de ejeção ventricular FEVE 45%, classes funcionais I, II ou III da New York Heart Association, idade de 30 a 59 anos) e indivíduos sem doenças cardiovasculares (grupo controle - GC) pareados por idade. As variáveis de cinemática ventilatória e de padrão respiratório foram obtidas por meio da pletismografia optoeletrônica (BTS bioengineering, Milan, Italy) nas condições de repouso, exercício inspiratório (EI) e exercício inspiratório associado à respiração diafragmática (EI+RD). A carga do exercício foi estabelecida em 30% da pressão inspiratória máxima (PImáx.) mensurada para cada indivíduo. Para comparar as variáveis nas diferentes condições em cada grupo foi utilizada ANOVA fatorial mista com desenho split-plot para medidas repetidas e para as comparações entre grupos foi aplicado o teste T de student não pareado. Resultados com p<0,05 foram considerados significativos. Foram avaliados 13 indivíduos no GIC (FEVE 33,46±9,36%, idade 50,54±7,63 anos) e 13 no GC (idade 45,69±6,79 anos). O GIC apresentou menores valores de capacidade vital forçada (CVF 3,43±0,80 vs 4,21±0,66 L; p=0,012), volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1 2,70±0,63 vs 3,36±0,52 L; p=0,008) e PImáx. (65,77±28,13 vs 109,62±16,13 cmH2O; p<0,0001). Durante o repouso foi observada menor contribuição de volume da caixa torácica (VCT%) e maior do compartimento abdominal (VAB%) no GIC em relação ao GC (p=0,028). O mesmo comportamento foi observado durante o EI (p=0,006). A associação da RD produziu modificação da cinemática ventilatória apenas no GC, caracterizada pelo aumento do VAB% (p=0,008) e redução do VCT% (p<0,0001). Ambos os grupos apresentaram aumento do volume corrente (VC) e do tempo inspiratório (Ti) nas condições de exercício em relação ao repouso (p<0,05), sendo que a relação tempo inspiratório/tempo total do ciclo respiratório (Ti/Ttot) foi maior para o GIC durante EI (p=0,042). Em conclusão, foi observado que os indivíduos com IC apresentam, em repouso, menor deslocamento da caixa torácica em relação aos indivíduos saudáveis. A realização do exercício inspiratório não altera a cinemática ventilatória nesses indivíduos, independente da associação com a RD. Este fato pode estar relacionado à fraqueza da musculatura inspiratória e/ou à restrição pulmonar, manifestações crônicas desencadeadas pela doença

ASSUNTO(S)

medicina de reabilitação teses. pulmões doenças teses. sistema cardiovascular doenças teses. respiração artificial teses. sistema respiratorio teses. exercícios físicos aspectos fisiológicos teses.

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