Chemical ecology of Brazilian bees: Melipona rufiventris, Melipona scutellaris, Plebeia droryana, Nannotrigona testaceicornis, Tetragonisca angustula and Centris trigonoides / Ecologia quimica de abelhas brasileiras : Melipona rufiventris, Melipona scutellaris, Plebeia droryana, Nannotrigona testaceicornis, Tetragonisca angustula e Centris trigonoides

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A vida social das abelhas é marcada pela presença de várias substâncias produzidas por suas glândulas exócrinas e endócrinas ou coletadas na natureza. Estes compostos são empregados principalmente por operárias, machos e rainha no reconhecimento de seus companheiros de colônia, acasalamento, defesa do ninho e marcadores de percurso. Entre as abelhas sociais brasileiras, as pertencentes à subfamília Meliponinae (Apoidea: Apidae) são extremamente importantes para a flora nativa, pois contribuem com 40-90% da polinização. Estas abelhas são denominadas meliponíneos ou abelhas indígenas sem ferrão, distribuídas em mais de 300 espécies que vivem exclusivamente nas regiões tropicais e subtropicais. Os meliponíneos vivem em colônias permanentes com divisões de castas (operárias, machos e rainha) e, por isso, produzem uma gama de substâncias responsáveis pelas divisões de tarefas e para manter a ordem dentro da colônia. Com a finalidade de contribuir na descoberta dos compostos utilizados na comunicação das abelhas brasileiras, este trabalho abordou três tópicos, revelando: 1) a "guerra" química desencadeada pela Melipona scutellaris Latreille, 1811 (Apidae: Meliponinae) contra as operárias invasoras de Melipona rufiventris Lepeletier, 1836 (Apidae: Meliponinae), sendo que as principais armas químicas foram a alteração da composição da cera de M. scutellaris, com grande produção de acetato de triacontanila, e a adição de terpenos e compostos fenólicos no batume, o que provavelmente acabou tornando o ninho pouco confortável e expulsando as operárias invasoras; 2) a diferenciação química das operárias e dos machos de Nannotrigona testaceicornis Lepeletier, 1836 (Apidae: Meliponinae) é principalmente relacionada a presença de acetato de geranil-geranila (operárias) e Z-9-nonacoseno (machos) em seus abdomes, e em Plebeia droryana Friese, 1900 (Apidae: Meliponinae), o tetradecanal (operárias) e um éster desconhecido (machos). As composições químicas das cabeças também diferenciam machos e operárias de ambas espécies: os constituintes principais nas operárias de P. doryana são a-copaeno, Ar-curcumeno, d-cadineno, 1-cis-calameneno e Z-9-octacoseno e nos machos de P. doryana são o 2-nonanol, dois ácidos alifáticos lineares (C14 e C16) e o acetato de octadecanila. Os constituintes das cabeças dos machos e das operárias de N. testaceicornis podem ser distinguidos pela presença de nonanal, a-copaeno, pentadecano, dois Z-9-alcenos (C23 e C25) e octadecenoato de hexadecenila (operárias). As ceras cuticulares das operárias de N. testaceicornis possuem dois Z-9-alcenos (C25 e C28), enquanto que as dos machos possuíam o 2-fenil-tridecano. Em P. droryana, as ceras cuticulares das operárias possuíam a-copaeno, Ar-curcumeno, 1-cis-calameneno, geranil-linalol, esqualeno e acetato de nerolidol, enquanto o hentriacontano está presente somente nos machos; e 3) a importância do óleo floral de Lophanthera lactescens Ducke (Malpighiaceae) para as operárias de Tetragonisca angustula Latreille, 1811 (Apidae: Meliponinae) e fêmeas de Centris trigonoides Lepeletier, 1841 (Anthophoridae: Centridini), as quais utilizam o mesmo no ninho. A coleta do óleo floral por estas abelhas foi confirmada analisando a parte externa dos abdomens das mesmas. O óleo floral tem como componente principal o ácido 3-acetoxi-octadecanóico. Trata-se do primeiro relato de coleta de óleos florais por operárias de Tetragonisca angustula. Estes estudos revelaram alguns compostos que são responsáveis pelas relações entre castas, espécies e planta/polinizador, mas muitas espécies de abelhas brasileiras ainda precisam ser estudadas para uma melhor compreensão de suas relações complexas e suas comunicações químicas.

ASSUNTO(S)

castes batumens batumes oleo floral meliponineos floral oil castas meliponines

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