Caracterização e distribuição espacial dos acidentes escorpiônicos em Belo Horizonte, Minas Gerais, 2005 a 2009

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/02/2011

RESUMO

O escorpionismo constitui problema de saúde pública em Belo Horizonte, podendo haver casos de morte ou de sequelas temporárias. Sua importância é acrescida pela ocorrência urbana e precocidade da evolução fatal na faixa etária pediátrica. Realizou-se um estudo epidemiológico observacional retrospectivo para caracterizar os acidentes escorpiônicos ocorridos em Belo Horizonte, entre 2005 e 2009. Objetivou-se, também, estudar e associar a frequência e distribuição espacial de casos com o Índice de Vulnerabilidade à Saúde (IVS), além de caracterizar o perfil das solicitações dos moradores referentes ao aparecimento de escorpiões em seus imóveis, relacionando-o com o perfil da ocorrência de acidentes. Foram utilizados dados de notificação de acidentes escorpiônicos, ocorridos em Belo Horizonte, do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) e Sistema de Vigilância Epidemiológica (SISVE), referentes aos anos de 2008 e 2009, além das fichas clínicas do Hospital João XXIII (HPSJ XXIII) referentes ao período de 2005 a 2007 e das fichas de atendimento às solicitações de moradores sobre o aparecimento de escorpiões em seus imóveis, obtidas junto à Secretaria Municipal de Saúde (SMSA-BH). Os dados foram organizados no programa Excel versão 2003. Para georreferenciamento e análise espacial, foi utilizada a base geográfica EndGeo e os recursos do aplicativo de mapeamento MapInfo versão 10.0, além dos programas Hotspot Detective e SatScan, usados para aplicação da Técnica de Densidade por Kernel e do teste de detecção de clusters Space-Time-Permutation, respectivamente. As análises estatísticas referentes às demais variáveis foram feitas pelo teste do Qui-quadrado. Entre 2005 e 2009, ocorreram em Belo Horizonte 2.769 casos de acidentes por escorpião, o que representa uma incidência acumulada de 114,7 casos por 100.000 habitantes. Observou-se uma tendência decrescente ao longo dos anos e um maior percentual de casos entre agosto e janeiro. A espécie Tityus serrulatus foi a responsável pela maior parte dos acidentes. As picadas ocorreram mais em ambiente residencial, acometendo em sua maioria as mãos e os pés das vítimas. Não houve diferença estatística entre os gêneros acometidos (p>0,05) e a faixa etária entre 55 e 64 anos foi a que apresentou maior risco para escorpionismo. Os atendimentos médicos, em sua maioria, se deram em até uma hora após a picada, os sintomas apenas locais foram mais frequentes do que a manifestação clínica sistêmica. Noventa e seis por cento dos quadros clínicos evoluiram para a cura, tendo sido observados dois óbitos no período, nos anos de 2005 e 2009, em crianças de 4 e 6 anos, respectivamente. Considerando-se os 1.924 casos de acidente escorpiônico georreferenciados, a maior incidência se deu no Distrito Sanitário (DS) Noroeste, seguido do DS Nordeste, havendo uma grande concentração de casos nas regiões de cemitérios do município. Utilizando-se a Técnica de Densidade por Kernel, observaram-se pontos de concentração de acidentes nos DS Noroeste, Nordeste e Oeste. Foram detectados dois clusters no período, sendo um em 2005, localizado nos DS Noroeste e Oeste, e outro entre 2006 e 2007, nos DS Noroeste e Nordeste. Não houve associação entre as áreas de maior incidência de escorpionismo no município de Belo Horizonte e as áreas de maior risco à saúde classificadas pelo IVS. Alerta-se para necessidade de melhorias no processo de notificação e no fluxo de informações relacionadas ao agravo e sugere-se maior mobilização e direcionamento dos serviços de saúde das áreas consideradas prioritárias para que haja melhoria da eficácia das estratégias de vigilância e controle do escorpionismo em Belo Horizonte

ASSUNTO(S)

escorpião veneno teses animais venenosos acidentes teses epidemiologia teses.

Documentos Relacionados