Caracterização e composição florística de uma comunidade savânica no Rio Grande do Norte, Brasil : subsídios para a conservação

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/02/2011

RESUMO

Estudos sobre a biodiversidade brasileira são ainda muito escassos, sendo possível observar uma grande discrepância de conhecimentos entre as várias regiões do país. Esta afirmação está baseada no fato de que foram identificadas para o Brasil 2.256 espécies raras de plantas e 752 áreas-chave para biodiversidade (ACBs), no entanto, o Rio Grande do Norte foi o único estado brasileiro que não apresentou nenhuma espécie rara e nenhuma área-chave para biodiversidade, possivelmente, devido à escassez de levantamentos florísticos nesse estado. O presente estudo foi realizado em um ambiente especial: uma área de tensão ecológica com fisionomia savânica localizada no município de Rio do Fogo, RN. Essa comunidade savânica está representada na forma de pequena mancha e imersa entre a Caatinga e a Restinga. Foi identificado e descrito apenas com base em imagens de radar, não havendo, até o presente momento, estudos in loco. Neste contexto foram elaboradas algumas perguntas sobre essa comunidade savânica: 1) A região delimitada e descrita por meio de imagens de radar, RADAMBRASIL de 1976, pode ser do domínio Cerrado, do ponto de vista florístico?; 2) Qual é a composição florística dessa área? Ela inclui espécie rara, endêmica ou ameaçada de extinção?; 3) Qual é a distribuição geográfica e fitogeográfica das espécies vegetais registradas nessa área?; 4) As espécies vegetais registradas são endêmicas ou possuem afinidade com outros domínios fitoecológicos brasileiro? Visando responder a essas indagações foi realizado um levantamento florístico, no período de agosto/2007 a setembro/2009. Os resultados obtidos são apresentados em forma de dois capítulos (manuscritos). O capítulo 1, intitulado A Savana do Rio Grande do Norte: Relações florísticas com outras formações vegetais do Nordeste e Centro-Oeste Brasileiro foi submetido à Revista Brasileira de Botânica. Aborda a distribuição fitogeográfica das espécies, através da comparação com estudos florísticos realizados nos cerrados, caatingas e restingas do Nordeste e cerrados do Planalto Central. As análises dos dados obtidos no presente trabalho e, também, através de compilação com outros estudos apresentaram: i) o registro de 94 espécies vegetais; ii) desse total de espécies, cerca de 64 % estão associadas ao Cerrado, segundo bibliografia especializada, e cerca de 78 % conforme a Lista de Espécies da Flora do Brasil. Todavia, cerca de 73 % do total das espécies (94) registradas também se distribuem na Caatinga, 64 % na Floresta Atlântica, 50 % na Floresta Amazônica, 15 % no Pantanal e 12 % no Pampa. Floristicamente os dados apontaram que comunidade estudada recebe influência de outras floras, possui uma estrutura onde as gramíneas dominam e também devido a sua fisionomia savânica a mesma, então, poder ser classificada como Savana gramíneo-lenhosa do tabuleiro. O capítulo 2, intitulado Considerações sobre a florística de uma comunidade savânica no Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil: Subsídio de área-chave para a conservação foi submetido à Revista Natureza e Conservação. Teve como objetivo contribuir para melhorar o conhecimento sobre a flora do Rio Grande do Norte, identificando possíveis espécies raras e, assim, expandir as áreas-chave de biodiversidade no Brasil. Os dados obtidos indicaram que: i) das 94 espécies encontradas na área de estudo, 39 foram registradas pela primeira vez para o Rio Grande do Norte; ii) dessas citações inéditas para o estado, as espécies Stylosanthes montevidensis Vogel (Fabaceae) e Aristida laevis (Nees) Kunth (Poaceae) são indicadas, também, pela primeira vez para a Região Nordeste do Brasil; iii) ocorrem na área 24 espécies endêmicas do Brasil; iv) Aspilia procumbens Baker (Asteraceae) registrada na área é considerada uma espécie restrita e microendêmica do Rio Grande do Norte, ou seja, espécie rara; v) Aspilia procumbens é também apontada na categoria das espécies criticamente em perigo e Stilpnopappus cearensis Hubber (Asteraceae) uma espécie vulnerável a extinção. O presente estudo aponta um novo domínio citoecológico para o Rio Grande do Norte e apresenta o potencial da área em contribuir com os sítios de significância global para conservação de biodiversidade, seja no âmbito local, regional e nacional. Isso contribuirá para responder alguns dos objetivos fixados pela Estratégia Global para a Conservação de Plantas e da Convenção sobre Diversidade Biológica, tal como, o inventário da diversidade vegetal, em uma região com pouca coleta, que fornecerá dados que contribuem para questões e temas relativos à biodiversidade.

ASSUNTO(S)

Áreas-chave de biodiversidade Área de tensão ecológica cerrado espécies raras ecologia area of ecological tension cerrado key biodiversity areas rare species

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