Cadeias agroalimentares curtas : a construção social de mercados de qualidade pelos agricultores familiares em Santa Catarina

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Os agricultores familiares catarinenses vêm reagindo e se adaptando a dois processos relevantes que vem transformando as condições de produção e trabalho ao longo dos últimos anos. O primeiro diz respeito ao aperto econômico que atravessa as diversas atividades desenvolvidas nos diferentes territórios de Santa Catarina. O segundo se refere ao movimento de retorno à demanda por produtos alimentares de qualidade diferenciada que se verifica no contexto dos Países desenvolvidos e também no Brasil. Os agricultores familiares historicamente apresentam estreita relação com os grandes complexos agroindustriais, num processo em que se tornaram fornecedores de matérias-primas para a transformação em produtos padronizados sob o regime de produção industrial. A reação a estes processos vem acontecendo através de inúmeras iniciativas e práticas que buscam um reposicionamento nos mercados agroalimentares, se inserindo de forma autônoma e construindo novos mercados através da produção e processamento de alimentos de qualidade diferenciada, seja artesanal, orgânica, ou na identificação com a cultura e valores do local. As estratégias de integração aos diversos mercados através da construção de novas cadeias agroalimentares vêm se tornando prática recorrente em diversos locais e apresentam estreita relação com a luta constante pelos agricultores familiares por autonomia e progresso, com os processos de desenvolvimento rural e com as mudanças rurais em curso. A emergência desses novos mercados alimentares (de qualidade) pode ser identificada em Santa Catarina através da reconexão das relações entre produtor e consumidor que surge a partir da construção de cadeias agroalimentares curtas. Essas cadeias se caracterizam por enraizar práticas alimentares em relações eco-social locais, criando novos espaços econômicos. Assim, esta tese trata fundamentalmente da construção pelos agricultores familiares catarinenses de cadeias agroalimentares curtas como estratégia de agregação de valor através da inserção nos mercados de produtos com qualidades específicas conformando através da produção e mercantilização de alimentos uma relação de confiança entre produtores e consumidores. Para tanto analisamos três tipos de cadeias curtas em diferentes contextos catarinenses: as cadeias face a face, as de proximidade espacial e aquelas espacialmente estendidas. A partir de três estudos de casos buscamos entender os processos que vem provocando mudanças rurais e alterando dinamicamente as formas de produção, de organização e de integração dos agricultores familiares em novos circuitos mercantis e acirrando a disputa entre os diversos agentes que conformam os distintos mundos do alimento em Santa Catarina. Estas cadeias curtas surgem a partir das relações de proximidade e são tanto causa como resultado da ativa construção de redes por vários atores na cadeia agroalimentar atuando na ressocialização e relocalização dos alimentos em situações de desenvolvimento rural emergentes. Evidenciamos que a inserção dos agricultores familiares nos circuitos mercantis através da produção de alimentos com qualidades diferenciadas a partir da construção de cadeias curtas é uma estratégia que visa ampliação da autonomia e maior apropriação do valor agregado aos produtos com qualidade diferenciada.

ASSUNTO(S)

family farm agricultura familiar markets modo de produção short agri-food chains santa catarina embeddedness rural development desenvolvimento rural

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