Avaliação do impacto no ambiente de compostos hidrossolúveis de Pinus taeda e Araucaria angustifolia (Coniferae) utilizando indicadores biológicos

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/03/2012

RESUMO

O impacto mais importante das coníferas no ambiente é atribuído à liberação de fitotoxinas/aleloquímicos (predominantemente compostos fenólicos) da biomassa no solo (Singh et al., 1999). Os polifenóis são considerados um dos grupos mais amplamente distribuídos entre as substâncias químicas produzidas pelas plantas e têm potencial aleloquímico devido à sua alta solubilidade em água e sua propriedade de inibir o crescimento de outras espécies de plantas (Inderjit 1996;. Graça et al 2002 ). A plantação de Pinus surgiu como uma solução para substituir a fonte de matéria-prima para produção de móveis, painéis, celulose, papel, compensado, entre outros, e é economicamente viável devido ao uso de espécies de crescimento rápido. A preocupação com o desenvolvimento desta atividade são as conseqüências do uso de espécies exóticas na prática da monocultura sobre o ecossistema local. Este estudo avaliou os efeitos do extrato aquoso de Pinus taeda (espécie exótica) e Araucaria angustifolia (espécie nativa): (1) sobre a composição bioquímica, estresse oxidativo e parâmetros reprodutivos de Hyalella castroi; (2) determinou as concentrações de compostos fenólicos hidrossolúveis em folhas de P. taeda e A. angustifolia coletados nos meses de inverno e verão de 2009 e 2010 no sul do Brasil, (3) quantificou a biomassa produzida por P. taeda e A. angustifolia; (4) determinou, em condições de laboratório, o tempo necessário para a lixiviação de compostos fenólicos hidrossolúveis das folhas; (5) quantificou a concentração de compostos fenólicos hidrossolúveis em corpo dágua perto das plantações; (6) avaliou o efeito de aleloquímicos extrato aquoso da P. taeda e A. angustifolia em sementes de Lactuca sativa, (7) determinou, por HPLC, o perfil dos compostos fenólicos no extrato hidrossolúvel de P. taeda e A. angustifolia; (8) avaliou o efeito de material vegetal seco de duas coníferas, P. taeda e A. angustifolia na atividade do sistema de transporte de elétrons (ETS) de H. castroi e (9) avaliou as alterações dos parâmetros físico-químicos e os níveis de compostos fenólicos hidrossolúveis em um corpo de água perto e outro distante das plantações de P. taeda. Os anfípodos foram coletados no verão e inverno, no Rio Grande do Sul, Brasil. Parte dos animais foi congelado no campo e o restante transportado para o laboratório. Os animais foram aclimatados por 7 dias e congelados, os outros animais foram expostos por mais 7 dias ao extrato aquoso de ambas as árvore, contendo diferentes concentrações de compostos fenólicos hidrossolúveis (0,10, 0,25, 0,5, 0,75 mg/L), e um grupo foi mantido até os experimentos terminarem apenas com a dieta (14 dias). Após o cultivo, os animais foram imediatamente congelados e dividido em cinco pools para determinar os níveis de arginina, arginina fosfato, glicogênio, proteínas, lipídeos, triglicerídeos, glicerol, o colesterol, a lipoperoxidação, e a atividade da catalase, SOD, GST, Na+/K+ ATPase e ETS por técnicas espectrofotométricas. Parâmetros reprodutivos (número de casais reprodutivos, fêmeas ovígeras e ovos no marsúpio) foram analisados em animais expostos a ambos os extratos e nos grupos de controle. Folhas de P. taeda e A. angustifolia foram coletadas de árvores com mais de 20 anos de idade cultivadas em uma floresta comercial no município São Francisco de Paula. A atividade de radicais livres dos extratos aquosos de plantas também foi avaliado. Foram coletadas amostras em duas corpos dáguas: um no município de São José dos Ausentes (284700"S - 495053"W; 1200m de altitude) distante da plantação de P. taeda, e outro em São Francisco de Paula (292336.2"S - 502250.7"W; 900m de altitude), perto da plantação de P. taeda, no Rio Grande do Sul, Brasil durante o verão e inverno de 2009 e 2010. Os parâmetros medidos foram os níveis de compostos fenólicos totais, coliformes totais e fecais, dureza, nitrito, nitrato, sólidos totais, sulfato, demanda biológica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO), oxigênio dissolvido, pH e temperatura da água. Nossos resultados revelaram que o extrato aquoso de P. taeda induz uma diminuição em todos os metabólitos e parâmetros reprodutivos estudados. Por outro lado, os níveis de lipoperoxidação e atividades de catalase, SOD e GST aumentaram durante a exposição. Já os animais expostos ao extrato de A. angustifolia não alterou a composição bioquímica e os parâmetros reprodutivos. Este extrato determinou uma diminuição nos níveis de lipoperoxidação, esta resposta sugere um efeito antioxidante do extrato da espécie nativa. As análises das folhas sugerem que os compostos produzidos por extrato hidrossolúvel de espécies Coniferae têm potenciais antioxidantes diferentes e afetam a anfípodos de forma divergente em termos da ETS. Dos parâmetros analisados no presente trabalho apenas DBO, oxigênio dissolvido e pH alteraram com a presença da plantação de P. taeda perto do corpo dágua e os resultados sugerem que a alteração está relacionada com a presença das acículas, bem como a alta concentração de compostos fenólicos verificada na água. Depois de analisar o perfil dos compostos fenólicos foi observada a presença de outros compostos fenólicos nos extratos de P. taeda, e esta combinação é provavelmente o fator que determinou o efeito deletério do extrato de P. taeda. Este padrão de resposta pode ajudar a explicar como as espécies exóticas de coníferas, como P. taeda, modificam o ambiente natural e podem causar alterações graves nos ecossistemas de água doce.

ASSUNTO(S)

anfÍpodos indicadores ambientais bioindicaÇÃo ecofisiologia ecotoxicologia zoologia zoologia ecossistema lipoperoxidaÇÃo

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