AVALIAÇÃO DE SEQUELAS NEUROLÓGICAS EM PACIENTES COM HANSENÍASE NO ESTADO DE SERGIPE. / EVALUATION OF NEUROLOGICAL SEQUELAE OF LEPROSY IN SERGIPE STATE.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/05/2012

RESUMO

A hanseníase é uma afecção crônica causada pelo Mycobacterium leprae, bacilo que tem predileção pela pele e nervos periféricos. No Brasil o coeficiente de detecção foi 19,6/100.000 habitantes e em Sergipe foi 24,5/100.000 em 2009. Uma das maiores complicações da hanseníase é a presença de episódio reacional que, quando não tratado corretamente, favorece ao surgimento e/ou progressão de lesão neurológica. A fim de controlar a doença, a Organização Mundial de Saúde orienta a redução nas taxas do grau de incapacidade física. Estudos descrevendo o perfil epidemiológico, distribuição geográfica e fatores de risco são necessários para traçar ações de controle da doença. O objetivo principal deste trabalho é avaliar a situação da Hanseníase no Estado de Sergipe, focalizando as sequelas neurológicas e, especificamente, descrever o coeficiente de detecção geral, distribuição geográfica e do grau de incapacidade física da doença, bem como aspectos clínicos associados à ocorrência de lesão neurológica. Trata-se de estudo retrospectivo entre os anos de 2005 à 2011 que resultou em dois artigos científicos. O artigo 1 foi um de levantamento de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mapas foram construídos com a distribuição geográfica da hanseníase e do grau de incapacidade física nos municípios de Sergipe, nos anos de 2005 e 2010. O Estado possui municípios hiperendêmicos indicando que a doença continua sendo um problema de saúde pública. Nos últimos cinco anos, houve redução no coeficiente de detecção de casos novos com um aumento no número de pacientes com incapacidade física. Os municípios com casos de hanseníase possuem maior número de casas com aglomerados de 5 e 9 pessoas/casa. Foi encontrada associação do sexo masculino com a forma multibacilar e incapacidade física no diagnóstico. O artigo 2 foi uma revisão de prontuários em centros de referências Estaduais (Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (CEMAR) e ambulatório do projeto (DES)MANCHA-SE). Foram analisadas variáveis demográficas e clínicas. O modelo de regressão logística descreveu associações independentes entre variáveis clínicas e a "gravidade da doença" (multibacilares e/ou episódios reacionais) e mal prognóstico (persistir com incapacidade física após o tratamento). Foi encontrada associação do sexo masculino com a forma multibacilar, incapacidade física no diagnóstico e episódios reacionais. Quarenta por cento (197 pacientes) apresentou episódios reacionais e recebeu tratamento com corticosteroides, porém 82,2% (162) recebeu dose e tempo de tratamento abaixo do recomendado (<20 mg/dia por <30 dias). Destes 33% (54) foram submetidos a exame neurológico e foi observado que 50% (27) manteve ou evoluiu com incapacidade física. Houve associação independente entre sexo masculino com gravidade da doença (multibacilares e/ou episódios reacionais) e tratamento com subdose de corticosteroides e mal prognóstico (persistir com incapacidade física após o tratamento). Assim, ressaltamos a necessidade de maior atenção ao diagnóstico da doença no sexo masculino, além de detecção precoce de lesões neurológicas e tratamento mais adequado aos pacientes que evoluem com episódios reacionais, a fim de evitar incapacidade física.

ASSUNTO(S)

hanseníase epidemiologia grau de incapacidade física corticosteroides ciencias da saude leprosy epidemiology degree of physical disability corticosteroids

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