Avaliação da imunorreatividade contra desmogleína 1 e Trypanosoma cruzi em população de área endêmica para pênfigo foliáceo / Evaluation of immunoreactivity against desmoglein 1 and Trypanosoma cruzi in population from endemic area for pemphigus foliaceus

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

06/09/2012

RESUMO

Introdução: O pênfigo foliáceo endêmico (PFE) ou Fogo Selvagem (FS) é uma dermatose bolhosa autoimune com auto-anticorpos IgG patogênicos, principalmente da subclasse IgG4, direcionados contra epítopos da desmogleína 1 (Dsg1), uma glicoproteína desmossômica que desempenha papel na adesão celular da epiderme. Os auto-anticorpos ligam-se a domínios específicos da Dsg1, gerando acantólise (perda da adesão celular) através de mecanismos diversos, tais como sinalização intracelular de moléculas e impedimento estérico. A etiopatogenia do FS é multifatorial, apresentando interações entre fatores imunológicos, genéticos e ambientais. Em algumas regiões do Brasil, detectou-se alta prevalência de FS (3%), sugerindo importante participação de fatores ambientais como desencadeantes da resposta autoimune. Indivíduos saudáveis de áreas endêmicas de FS reconhecem epítopos não-patogênicos da Dsg1, e exposição a insetos hematófagos é um fator de risco para FS. FS e doença de Chagas compartilham algumas regiões geográficas, e anticorpos anti- Dsg1 foram detectados em doentes de Chagas. Na reserva indígena Terena (Limão Verde), onde a prevalência de FS é alta, a população está exposta a picadas de simulídeos, cimecídeos e reduvídeos. Estes insetos podem atuar como vetores de doenças, bem como na imunomodulação do processo autoimune do FS. Objetivos: Nosso estudo teve como objetivos: 1- avaliar a frequência de anticorpos anti-Trypanosoma cruzi em doentes de FS e na população saudável da área de alto risco para FS, habitantes da aldeia indígena de Limão Verde, Mato Grosso do Sul, Brasil; 2- avaliar a reatividade concomitante contra Dsg1 e T. cruzi nessa população de alto risco para FS. Métodos: Realizamos ensaio sorológico de ELISA (enzyme linked immunosorbent assay) para reatividade contra Dsg1 e contra T. cruzi em 40 doentes de FS e em 150 indivíduos saudáveis da reserva indígena Terena. Adicionalmente, todos os soros foram analisados através da técnica de imunofluorescência indireta (IFI) para doença de Chagas. Nas reações positivas por ELISA e IFI para Chagas, TESA (trypomastigoste extracted/secreted antigens) immunobloting foi realizado como teste confirmatório para doença de Chagas. Resultados: A forma indeterminada da doença de Chagas foi identificada através da reação contra o T. cruzi por ELISA, IFI e TESA-BLOT em cinco indivíduos de Limão Verde, que não apresentavam FS. Nenhum doente de FS da região estudada apresentou reatividade contra T. cruzi. O perfil de anticorpos anti-Dsg1 evidenciou resultado positivo em 15 dos 40 doentes de FS e em 33 dos 150 soros de indivíduos saudáveis da região endêmica de FS. Não se observou reação cruzada entre doença de Chagas e FS. Conclusões: 1-Nosso estudo revelou pela primeira vez a ocorrência de doença de Chagas, forma indeterminada, em uma população ameríndia Terena da aldeia de Limão Verde, uma área endêmica de fogo selvagem; 2-Nenhum doente de fogo selvagem da reserva indígena Terena de Limão Verde, Aquidauana (MS) apresentou reatividade contra o Trypanosoma cruzi; 3-A resposta antidesmogleína 1 nos doentes de fogo selvagem foi encontrada em 37,5% (15/40) dos pacientes. Auto-anticorpos anti-desmogleína 1 nos indivíduos sadios (sem fogo selvagem) foram encontrados em 22% (33/150) dos casos. 4-Não houve concomitância de doença de Chagas e fogo selvagem na amostra populacional estudada de Limão Verde

ASSUNTO(S)

auto-antibodies auto-anticorpos auto-imunidade autoimmunity chagas disease desmogleínas desmogleins doença de chagas pemphigus pênfigo trypanosoma cruzi trypanosoma cruzi

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