Avaliação clinica e laboratorial de lactentes submetidos a ventilação pulmunar mecanica invasiva da Unidade de Terapia Intensiva pediatrica do Hospital de Clinicas da Universidade Estadual de Campinas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Existem poucos estudos sobre lactentes submetidos à ventilação pulmonar mecânica invasiva (VPMI) assim como a associação de variáveis clínicas e laboratoriais à morbidade e mortalidade nesta faixa etária. O estabelecimento recente da UTIP como especialidade pode explicar esta carência de informações. Os poucos trabalhos existentes, encontrados em literatura indexada, raramente enfocam lactentes, que constituem a faixa etária mais prevalente na maioria das UTIPs e apresentam características fisiológicas e anatômicas únicas, relacionadas ao processo de crescimento. Realizou-se um estudo descritivo, retrospectivo e de corte transversal com revisão dos prontuários de lactentes submetidos à VPMI, internados na UTIP do HC-Unicamp no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 1998. Objetivou-se descrever as características clínicas e laboratoriais iniciais e verificar suas associações com a duração da VPMI e a ocorrência de óbito. As indicações de VPMI foram classificadas em respiratórias (44,5%), hemodinâmicas (34,4%), pós?operatórios (12,5%) e neurológicas agrupadas com metabólicas (8,6%). No período estudado ocorreram 399 internações de 354 pacientes sendo 168 (47,5%) lactentes e, destes, 128 (76,2%) foram submetidos à VPMI. Os pacientes tinham na mediana 6 meses de idade, permaneceram em VPMI por 4 dias e ficaram internados na UTIP por sete dias. Categorizou-se a duração da VPMI em curta quando ? três dias apresentando 46,1% dos pacientes, média com duração entre quatro e sete dias com 30,5% dos pacientes e longa ? oito dias com 23,4% dos pacientes. Evidenciou-se elevada prevalência de necessidade de VPMI, doenças prévias, necessidade de internações com utilização de oxigênio ou VPM, alterações dos antecedentes neonatais e, por conseguinte, elevada taxa de mortalidade e de complicações. Observou-se utilização extensa de antimicrobianos, cateter venoso central, hemoderivados, sedação em infusão contínua e, pela sua especificidade, da prescrição de nutrição parenteral e inotrópicos. Encontrou-se incidência de valores alterados de leucócitos, plaquetas e de hemoglobina na maioria dos pacientes. A alteração gasométrica mais encontrada foi a acidose metabólica e ao Raio X de tórax foi a descrição de infiltrado heterogêneo. O índice de mortalidade geral da unidade foi de 21,8% e dos pacientes incluídos no estudo foi de 37,5%. Observou-se associação da ocorrência de óbito com nível arterial de lactato aumentado, com o peso na internação com escore z <-2, com o antecedente de doenças prévias à internação e com a duração da VPMI. Não foi observada associação com alterações hematológicas, alteração da pressão arterial média ou alteração V/Q grave. Observou-se associação da duração da VPMI com as diferentes indicações de VPMI, com a utilização de dieta parenteral, hemoderivados, antibióticos, sedação em infusão contínua e a ocorrência de complicações. Evidenciou-se desnutrição em 41,4% dos pacientes, complexidade elevada e necessidade de terapêutica vigorosa. Por conseguinte, apresentou alto índice de complicações e de mortalidade, que reflete o atendimento terciário de um hospital universitário. Associou-se a ocorrência de óbito principalmente à hipóxia tecidual representada pelos níveis arteriais de lactato e a associação de variáveis à duração da VPMI deve ser revista em estudos prospectivos

ASSUNTO(S)

lactentes mortalidade infantil

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