Arquitetura de espécies arbóreas numa floresta estacional semidecidual do sul do Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

22/12/2012

RESUMO

A arquitetura dos indivíduos de uma população, representada quantitativamente por relações alométricas, expressam variações morfológicas de diferentes partes das plantas de forma correlacionada. As informações advindas destas relações alométricas expressam o desenvolvimento plástico do vegetal, que são influenciados pelo tipo de habitat e por pressões ambientais aos quais estão expostos. Neste contexto, a utilização de relações alométricas constitui uma ferramenta simples e de baixíssimo custo e muito importante para investigar como espécies de diferentes estratos florestais aproveitam a luminosidade no perfil da floresta durante seu desenvolvimento, de forma a possibilitar seu sucesso reprodutivo. O presente estudo foi desenvolvido no Parque Estadual Mata dos Godoy, um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual, localizado no município de Londrina, Paraná, Brasil, com o objetivo de comparar a arquitetura de indivíduos de 0,5 a 3 m de altura de seis espécies pertencentes a diferentes grupos ecológicos, sendo três de sub-bosque (Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger, Lanj. &de Boer, Actinostemon concolor (Spreng.) Müll.Arg. e Inga marginata Kunth) e três de dossel/emergente (Holocalyx balansae Micheli, Chrysophyllum gonocarpum (Mart. &Eichler ex Miq.) Engl. e Aspidosperma polyneuron Müll. Arg.) no estrato inferior de uma Floresta Estacional Semidecidual. Foram levantadas três hipóteses: (1) Existe diferença na arquitetura de indivíduos pertencentes aos diferentes estratos; (2) Os indivíduos das espécies de sub-bosque apresentam menor plasticidade de copa; (3) Entre espécies do sub-bosque e dossel/emergente existem diferentes correlações da arquitetura dos indivíduos com a disponibilidade de luz. Para se obter o conhecimento detalhado da arquitetura dos indivíduos 13 descritores arquiteturais relacionados com a interceptação de luz e suporte mecânico foram avaliadas. De maneira geral, as espécies de sub-bosque apresentam maior incremento em espessura do caule, maior número de folhas, copas mais largas e profundas e ramos mais longos, maior auto-sombreamento e menor plasticidade da copa. Já os indivíduos das espécies de dossel, apresentaram caules e copas mais esbeltos. Houve distintas correlações da arquitetura dos indivíduos com a disponibilidade de luz. As diferenças existentes na arquitetura de indivíduos de espécies pertencentes ao sub-bosque e dossel/emergente podem ser baseadas em um trade-off que ocorre entre o crescimento vertical e lateral. Em um ambiente florestal, onde a luz é o recurso mais limitante, os resultados indicam que, embora as espécies de sub-bosque tenham apresentado menor plasticidade de copa, as seis espécies estudadas podem ser capazes de explorar melhores condições de luz no estrato inferior da floresta. Entretanto por apresentarem exigência por maior luminosidade, as espécies de dossel apresentaram uma forma de crescimento, redundando em uma arquitetura que, provavelmente, possibilita exposição a uma maior luminosidade no sub-bosque. Assim, mudanças e diferenças alométricas durante essa fase de crescimento são determinantes para sobrevivência podendo contribuir com o sucesso reprodutivo dessas espécies.

ASSUNTO(S)

plantas - alometria ecologia vegetal plantas - população plants alometry plant ecology

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