Análise espacial e temporal da transmissão da dengue e caracterização do processo endêmico no município de São José do Rio Preto, SP.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

O uso de ferramentas de análise espacial é um importante instrumento para o entendimento do comportamento das incidências de dengue em diferentes áreas que compõem o município, além de fornecer subsídios importantes para a estratificação do risco e otimização das medidas de vigilância e controle. O principal objetivo do estudo é a análise espacial e temporal da transmissão de dengue em São José do Rio Preto, SP, entre setembro de 1994 e agosto de 2002. Foram agrupados em um banco de dados 14.431 casos autóctones da área urbana confirmados laboratorialmente, juntamente com dados populacionais e vetoriais da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e da Prefeitura Municipal. Os coeficientes de incidências foram calculados considerando-se períodos entre setembro de um ano a agosto do ano seguinte. Os meses de setembro e agosto foram escolhidos por apresentarem menores valores de incidência em relação aos demais meses do ano e possibilitarem uma boa representação da sazonalidade da doença. Os casos foram geocodificados a partir do eixo de logradouros e agrupados segundo os 432 setores censitários do município o que permitiu a produção de mapas temáticos. A análise de componentes principais gerou um fator utilizado para dividir o município em quatro agrupamentos distintos segundo nível socioeconômico. O índice de Moran foi calculado utilizando-se regressões múltiplas de variáveis socioeconômicas. O georreferenciamento, a análise espacial e a confecção de mapas foram realizados através de ferramentas do programa ArcGis. Com a análise das séries históricas notou-se um aumento progressivo das incidências anuais com pico em 2000/2001. Entre 1990 e 1994 a duração da transmissão atingiu, no máximo, 5 meses em cada período, com aumento nos anos seguintes. No último período, ocorreu nos doze meses, sem interrupção. No período de 94/95, a componente sócio-econômica foi relevante nas incidências de dengue em diversos setores censitários do município. Neste período, o risco de adoecer nos locais de classe 4 foi aproximadamente 2,7 vezes maior do que naqueles de classe 1. Não apenas variáveis socioeconômicas foram responsáveis pelas incidências de dengue no município, mas também características demográficas e ambientais. A característica endêmica da transmissão e a ocorrência diferenciada segundo áreas devem ser levadas em conta na estruturação de estratégias para o controle de dengue e na otimização de recursos. É importante ressaltar que padrões espaciais são muito importantes no risco de transmissão de dengue. No entanto, diversas outras variáveis estão intimamente relacionadas com a modulação da dinâmica da doença, dentre elas, os sorotipos circulantes no município e o grau de imunidade da população em relação a eles, os fatores socioeconômicos, a infestação pelo vetor, dentre outros, demonstrando que as incidências de dengue não podem ser interpretadas de forma unilateral e, sim, contempladas de maneira holística.

ASSUNTO(S)

epidemiologia risk indicators dengue saude publica spatial analysis endemic diseases doenças endêmicas análise espacial epidemiology enfermedades endêmicas indicador de risco

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