Alterações do tubo digestório de cães da raça Golden Retriever afetados pela distrofia muscular / Alterations of digestory tube in the Golden Retriever dogs affecteds by muscular dystrophy

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O modelo experimental canino Golden Retriever portador da Distrofia Muscular (GRMD) é o melhor substituto entre os modelos animais para estudar a Distrofia Muscular de Duchenne. Os principais sinais clínicos observados no cão afetado são disfagia, hipertrofia da língua, emagrecimento progressivo, fraqueza muscular, desvio de eixo dos membros e contraturas. A doença é determinada pela ausência da distrofina, uma proteína da membrana muscular, que tem papel vital na manutenção da estrutura e função da célula muscular. A GRMD não afeta apenas a musculatura estriada esquelética, podendo afetar inclusive o funcionamento do trato digestório, já que o músculo liso é o elemento primário dos órgãos tubulares. Objetivou-se neste trabalho, através do estudo morfológico, verificar se a distrofia muscular afeta a arquitetura geral do trato digestório e como está disposta sua estrutura muscular. Foram realizadas avaliações descritivas macroscópicas e microscópicas ópticas com colorações de Hematoxilina-Eosina, Tricrômio de Masson e Picrosirius. Em conjunto, nove cães GRMD afetados foram submetidos à avaliação da implantação de um novo manejo alimentar, num período de um ano, direcionado à correção dos problemas envolvidos na disfagia do cão distrófico. O esôfago e o estômago apresentaram-se como as porções mais afetadas do tubo digestório. Suas fibras musculares apresentavam-se com diâmetros variados e estavam entremeadas com abundante deposição de tecido conjuntivo, fibroblastos e infiltrado mononuclear com distribuição intersticial. O esôfago apresentou alterações muito severas, refletindo na sua funcionalidade, e levando ao megaesôfago secundário, devido à constituição por músculo estriado em toda a totalidade. O intestino não apresentou alterações histopatológicas significativas. Observou-se diferença de severidade entre lesões que ocorrem na musculatura estriada e na musculatura lisa, que pode ser devido à distribuição distinta do complexo distrofina-glicoproteína existentes nesses dois tipos de musculaturas. Desta forma, a ausência da proteína distrofina tende a ser menos crítica para a função muscular lisa no intestino, tal como é para o músculo esquelético. A musculatura lisa do estômago apresentava-se mais afetada que a do intestino, podendo ser explicado pelo fato do primeiro sofrer maiores ciclos de contrações e distenções, o que pode resultar em aumento de área de colágeno no tecido muscular e conseqüente perda de sua arquitetura. No cão afetado GRMD, a apreensão é uma fase crítica. Houve significativas respostas na implantação do novo manejo alimentar, quando aquela etapa foi substituída por auxílio humano. Assim a regurgitação mecânica tendeu a zero e pareceu diminuir o gasto energético excessivo. O modo como foram oferecidos o alimento e água preveniu o aparecimento de pneumonias por aspiração. A quantidade de água adicionada ao alimento seco foi suficiente para manter os animais hidratados. O manejo atual determinou manutenção dos pesos, ausência de desidratação clínica e ausência de óbitos, sendo assim indicado como manejo base a ser aplicado para a disfagia e megaesôfago adquirido secundário a distrofia muscular. Conclui-se que o manejo adequadamente direcionado torna-se especialmente importante para prevenir complicações e reflete em manutenção de equilíbrio e fortalecimento do sistema imune, e conseqüentemente, suporte perante a doença, proporcionando uma sobrevida com qualidade

ASSUNTO(S)

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