Grafting and propagation in vitro of fafia [Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen] / Enxertia e propagação in vitro de fáfia [Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen]

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Pfaffia glomerata, popularmente conhecida como Ginseng brasileiro, é uma importante espécie medicinal cuja demanda no mercado e a forma de extrativismo levaram a sua inclusão na lista de espécies prioritárias para a conservação. Apresenta grande diversidade genética entre suas populações naturais, sendo essa variabilidade tanto na produção de biomassa das raízes, órgão de interesse na espécie, quanto na concentração de princípio ativo (β-ecdisona). Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivos: (a) avaliar a eficiência da enxertia in vitro na propagação de dois acessos de Pfaffia glomerata, visando a estabelecer combinação compatível entre um acesso de elevada (2202) e um de baixa produção do princípio ativo (2209), para aumentar a produção do composto de interesse comercial; e (b) analisar o potencial fotoautotrófico de P. glomerata propagadas in vitro, comparando-se parâmetros fisiológicos e estruturais das plantas propagadas sob condições heterotróficas, fotomixotrófica e fotoautrófica. Na enxertia in vitro foram utilizados segmentos internodais como hipobioto e ápice caulinar como epibioto, de plantas cultivadas in vitro, para estabelecer as combinações recíprocas entre os acessos utilizados, autoenxertia (controle) e testemunhas (plantas sem enxerto). As avaliações foram realizadas quanto ao percentual de pegamento e características de crescimento dos enxertos durante a etapa in vitro (aos 30 dias) e quanto à sobrevivência e desenvolvimento das plantas enxertadas, tanto na condição in vitro quanto ex vitro, sendo monitoradas por 360 dias após a enxertia. Em toda a etapa de aclimatização foram analisados parâmetros fisiológicos como teor de pigmentos cloroplastídicos, fluorescência da clorofila a e taxa fotossintética. As regiões de conexões de todos os tratamentos que envolveram enxertia foram analisadas histologicamente, nos períodos de 7, 14, 21, 28, 35, 70 e 100 dias de cultivo após a enxertia in vitro. O índice de pegamento da enxertia variou de regular à excelente em 80% das plantas em todas as combinações. As plantas enxertadas apresentaram menor média de crescimento in vitro em relação às testemunhas, porém o estabelecimento e o desenvolvimento dos enxertos in vitro e ex vitro não ficaram comprometidos. Foram observadas mortalidade e diferenças no crescimento entre os tratamentos somente na fase de estabelecimento in vitro. Analisando os padrões fisiológicos não foram detectadas diferenças estatísticas entre os tratamentos, no entanto, considerando as condições de cultivo a que foram submetidas, a casa de vegetação foi o melhor ambiente. Em condição de campo foi notável a diferença na fenologia dos dois acessos utilizados, principalmente em relação à produção de raízes e inflorescências, bem como na susceptibilidade ao ataque de insetos. As plantas que apresentaram maior concentração do princípio ativo nas folhas foram constituídas pelo acesso 2202; estas também apresentaram maior número de danos ocasionados pelo ataque de insetos na parte aérea. O acesso considerado o maior produtor de princípio ativo foi susceptível ao ataque de nematóides e apresentou sintomas de galhas, enquanto o outro acesso mostrou-se resistente. Os nematóides influenciaram a produção do princípio ativo nas raízes, mas não comprometeram o desenvolvimento das plantas. A enxertia proporcionou maior concentração do princípio ativo quando a planta foi constituída pelo acesso 2202 como epibioto e pelo acesso 2209 como hipobioto, comprovando as interações fisiológicas existentes entre os componentes da enxertia. As análises anatômicas indicaram que a formação do calo na região de união foi resposta imediata à injúria, e a reconexão vascular das plantas enxertadas ocorreu aos 21 dias após a realização da enxertia. Não houve diferença estrutural no processo de cicatrização entre os tratamentos. Os resultados indicaram a eficiência da aplicação da enxertia in vitro para estabelecer diferentes combinações de acessos de P. glomerata e obter maior concentração de β-ecdisona nas raízes. (b) Foram utilizados segmentos nodais para propagação em meio contendo 0 e 30 g L-1 de sacarose, combinado com tipos de vedação: 1. uma camada de filme plástico de PVC transparente (PVC); 2. tampa rígida de polipropileno autoclavável (TSO); 3. tampa rígida de polipropileno autoclavável com um orifício (T1O); e 4. TR com dois furos (T2O), cobertos por membranas permeáveis a trocas gasosas. O experimento foi mantido em sala de crescimento, à temperatura de 25 2 C, sob fotoperíodo de 16 horas com irradiância de 50 mol m-2 s-1. Foram observadas diferenças morfológicas significativas entre os tratamentos; as plantas cultivadas na presença de sacarose e de membrana apresentaram-se mais vigorosas. No entanto, analisando os padrões de crescimento, as plantas cultivadas na ausência de sacarose e na presença de membranas não diferiram estatisticamente dos demais tratamentos cultivados heterotroficamente. A sacarose influenciou as respostas fisiológicas, sendo encontrados maiores teores de pigmentos cloroplastídicos e maior quantidade de massa seca na presença desse carboidrato, enquanto que a taxa fotossintética foi maior na ausência de sacarose. A análise estrutural da folha demonstrou a influência da fonte de carboidrato na formação das paredes celulares, na presença de tecido de sustentação e na diferenciação de feixes vasculares. As plantas cultivadas na ausência de sacarose e sem a membrana apresentaram estômatos mal formados e células hipertrofiadas, enquanto que, na presença da fonte de carboidrato, independente do tipo de tampa utilizada, as folhas apresentaram organização bem definida. As plantas cultivadas sem sacarose e com duas membranas apresentaram organização típica das plantas cultivadas in vitro. No entanto, esse tratamento apresentou maior área foliar entre os tratamentos, e seu crescimento não ficou comprometido. Portanto, P. glomerata apresenta potencial para propagação fotoautotrófica.

ASSUNTO(S)

β pfaffia glomerata enxertia in vitro -ecdisona photoautotrophic propagation β botanica propagação fotoautotrófica in vitro micrografting pfaffia glomerata -ecdysone

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