Agressividade e violência em Hobbes e Rousseau : etologia, genes e ambiente. / VIOLENCE AND AGGRESSION in Hobbes and Rousseau, GENES AND ENVIRONMENT

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O estudo tem como objetivo definir agressividade e violência na espécie humana. Estudar a agressividade e a violência do ponto de vista filosófico é uma tarefa que requer a colaboração de várias disciplinas como a biologia, a sociologia e as neurociências, para alcançar a abrangência e a profundidade que o tema merece, porque são conceitos que transitam do biológico ao social. Ao falar de agressividade, entra-se numa dimensão biológica, corporal, genética e neurobiológica enquanto que, ao falar de violência entra-se numa dimensão exclusivamente humana, que remete à linguagem, à cultura e aos símbolos da sociedade. A pesquisa foi motivada pelo fato do pesquisador ser psiquiatra da infância e adolescência e ter vivido em seu cotidiano profissional situações de violência, bullying, abuso sexual e psicológico que atingem esta faixa etária. Esta sua experiência o motivou para procurar na filosofia e nas ciências a resposta a perguntas tais como: a agressividade e a violência fazem parte da natureza ou da condição humana ou são uma construção histórica e social? Existe uma natureza humana determinada biologicamente ou ela é produto da sociogênese humana? Nesse contexto trata-se de uma pesquisa de caráter bibliográfico, que parte do pensamento dos filósofos Thomas Hobbes e Jean-Jacques Rousseau, para dialogar com as ciências biológicas e posteriormente retornar aos dois clássicos da filosofia política e tentar uma nova síntese sobre o assunto que incorpore as contribuições da ciência. O pesquisador buscou fazer uma leitura crítica, analítica e sistemática das ciências biológicas, com relevo para a etologia, a genética e a neuropsiquiatria. A pesquisa pretende definir e separar melhor os conceitos de violência e agressividade, contando com a contribuição das ciências sociais e de algumas correntes da psicanálise. A pesquisa se orientou por uma mediação entre duas tendências opostas: de um lado a tendência à naturalização de ambos os conceitos; do outro, uma negação dos condicionamentos biológicos e o reconhecimento da socialização como único fator que acarreta a violência. Dentro desta perspectiva, não se deixa de transitar entre a filosofia e a ciência, com momentos de empirismo que ressaltam a contribuição da biologia e da neuropsiquiatria para o estudo. O objetivo é apontar caminhos e separar conceitos que não estão bem definidos, pois, assim sendo, pode-se delimitar o que é propriamente humano dentro da esfera da violência e da agressividade. Não pretende-se dar respostas definitivas, porém, acredita-se que o estudo trouxe mais clareza ao tema em questão, ao defender a tese de que a violência faz parte da sociogênese humana, sendo exclusiva de nossa espécie e não sendo totalmente determinada por fatores biológicos, ela pode ser controlada, administrada, pela sociedade. A agressividade faz parte de nossa herança biológica e tem como uma das principais funções a sobrevivência das espécies. A violência é produto humano, instaurando a sociedade. Tem seus aspectos positivos, quando coloca limites e faz funcionar a coesão social; ou aspectos negativos, quando instaura a exploração do homem, gera desigualdades e provoca danos físicos, psicológicos e de limitação de liberdade do outro. Como produção humana, a violência pode ser causa de males sociais, assim como a solução para esses males.

ASSUNTO(S)

filosofia hobbes rousseau agressividade violência biologia filosofia philosophy hobbes rousseau aggression violence biology

Documentos Relacionados