Agentes infecciosos e dieta de carnívoros domésticos e silvestres em área de silvicultura do Alto Paranapanema: implicações para a conservação / Infectious agents and diet of domestic and wild carnivores in a silvicultural area in Alto Paranapanema: implications for conservation

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/03/2012

RESUMO

Apesar do estado de São Paulo ter uma área de vegetação nativa pequena e, em sua maioria, altamente fragmentada, isolada e imersa em matrizes agrícolas em propriedades privadas, seu território ainda alberga um número considerável de espécies silvestres, inclusive nessas áreas comerciais. Para a elaboração de planos de manejo ecologicamente corretos, é necessário selecionar (1) espécies-chave, como os mamíferos carnívoros; (2) fatores ecológicos primários das espécies, como a dieta e o uso do espaço; e (3) locais com histórico de uso do solo representativos da exploração espaço-temporal, como, por exemplo, Angatuba (SP) em São Paulo. Essa dissertação foi desenvolvida na Fazenda Três Lagoas e seus arredores, entre maio de 2008 e junho de 2010 e abrange três temas distintos, mas interligados. No primeiro capítulo fez-se uma introdução geral sobre os temas. No segundo avaliou-se, em quatro fazendas adjacentes, a exposição de carnívoros domésticos aos agentes infecciosos da parvovirose, raiva, cinomose e leptospirose através de exames sorológicos. Verificou-se que as prevalências de contato dos 13 cães amostrados com esses agentes patológicos, foram, respectivamente, 100%, 80%, 23% e 15,4%. As reações positivas a alguns desses agentes e sorovares, mostram que os cães domésticos tiveram contato com os agentes através de outros hospedeiros, pois esses agentes não estão presentes em vacinas. Isso demostra a importância de sua detecção na vida silvestre e no ambiente visando elaborar um manejo sanitário efetivo para a economia e saúde humana e para a vida silvestre. No terceiro capítulo estudou-se a dieta de 12 espécies de mamíferos carnívoros através da análise de 524 amostras de fezes coletadas nas Fazendas Três Lagoas e Arca. Pode-se verificar que os carnívoros presentes na área possuem hábitos onívoros, com algumas alterações da dieta em comparação com áreas mais preservadas, consumindo em grande quantidade pequenos roedores, frutos e insetos. A competição, apesar de pequena, foi constadada entre as espécies domésticas e silvestres. Verificou-se, de forma complementar, que as espécies usam mais as áreas próximas da vegetação nativa que dentro da matriz, sendo que algumas espécies estiveram restritas ao ambiente nativo. Esse estudo sugere que essas paisagens albergam somente espécies com hábitos mais plásticos e que a matriz silvicultural é permeável a alguns predadores. No quarto capítulo, estudou-se a prevalência de ectoparasitas naquelas amostras de fezes, que mostrou-se de 42,17% para ácaros, dentre eles carrapatos, e 4% de pulgas. As prevalências desses artrópodes variaram entre as espécies de carnívoros. Os ácaros foram encontrados nas fezes de todas as espécies amostradas, e as pulgas estiveram presentes em fezes de todos os canídeos, de todos os felídeos, com exceção do gato-mourisco, e do quati. Foram detectados carrapatos em fezes de espécies de hospedeiros ainda não relatadas na literatura, mostrando serem hospedeiros não-usuais, o que poderia demonstrar um aumento de sua prevalência no ambiente como consequência provável da mudança da paisagem. Essa maior carga de parasitas, juntamente com o contato frequente da fauna silvestre com os humanos e seus animais domésticos, atesta a necessidade de estudos epidemiológicos de maior amplitude nessas paisagens agrícolas.

ASSUNTO(S)

animais domésticos animal diet biological conservation conservação biológica dieta animal domestic animals eucalipto eucalyptus mamíferos silvestres management manejo wildlife mammals zoonoses zoonosis

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