ACONSELHAMENTO GENÉTICO: ANÁLISE E CONTRIBUIÇÕES A PARTIR DO MODELO DO ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

10/01/2011

RESUMO

O AG é definido como um processo de investigação clínica, voltado para o diagnóstico de uma condição genética e que visa à orientação sobre o prognóstico e riscos de ocorrências/recorrências das doenças genéticas para as famílias e/ou para os consulentes. O presente estudo teve por objetivo a análise do modelo de Aconselhamento Genético (AG) realizado pela equipe do Núcleo de Pesquisa Replicon do Departamento de Biologia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. O estudo contemplou o método de estudo de caso e a coleta foi realizada por meio de uma entrevista semi-estruturada e da observação de uma sessão de AG. Os participantes foram três profissionais biomédicos de ambos os sexos, com idade entre 40 e 45 anos e uma mãe de 36 anos, semi analfabeta, cuidadora responsável por uma criança de onze anos, com diagnóstico do 47, XYY, síndrome caracteriza do duplo Y. Verifica-se que o AG envolve uma relação intersubjetiva complexa e as informações de ordem genética não são emocionalmente neutras suscitam angústia, temores, culpas. Sobre os aspectos afetivos, os resultados indicam que no momento específico da revelação do diagnóstico, este cristaliza, nos dois pólos (profissional/consulente-familiar) da relação de AG, os aspectos emocionais e defensivos referidos na literatura das crises vitais, sendo a angústia o afeto preponderante. O cotejamento das informações da entrevista com o conselheiro e a análise do processo de AG indica que: 1) existe uma dissonância entre a proposição teórica sustentada pelo conselheiro e a ação praticada no AG; 2) percebe-se uma fixação ao protocolo do AG que implica em não acolhimento da angústia, do desamparo, da culpa e da inabilidade de gerir a crise vital; 3) a comunicação foi realizada em linguagem técnica não acessível à compreensão da responsável pelo consulente; 4) a necessidade de se pensar o tempo de compreender como um tempo lógico e não cronológico. De forma geral, percebe-se que perde-se o foco central do AG, ou seja, o acolher do campo existencial do sujeito. Infere-se que o resguardo do princípio da não-diretividade e os fatores afetivos (angústia, identificação) e a defesa psíquica (racionalização) restringiram a comunicação do diagnóstico comprometendo o esclarecimento do contexto vital do consulente. Conclui-se que as famílias e mesmo os profissionais podem ser afetados pelo impacto da crise vital, necessitando no caso da família de apoio, compreensão e tempo para que possam vivenciar e elaborar o contexto da crise vital e no caso dos conselheiros a inserção em uma equipe multidisciplinar que possa trabalhar e desenvolver estratégias que acomodem todos os aspectos envolvidos no processo de Aconselhamento Genético.

ASSUNTO(S)

aconselhamento genético família crises vitais psicologia psicologia genetic counseling family vital crisis psychology

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