Abscessos cervicais profundos: estudo de 101 casos
AUTOR(ES)
Brito, Thiago Pires, Hazboun, Igor Moreira, Fernandes, Fernando Laffitte, Bento, Lucas Ricci, Zappelini, Carlos Eduardo Monteiro, Chone, Carlos Takahiro, Crespo, Agrício Nubiato
FONTE
Braz. j. otorhinolaryngol.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2017-06
RESUMO
Resumo Introdução: Embora a incidência dos abscessos cervicais profundos (ACP) tenha diminuído, principalmente pela disponibilidade dos antibióticos, essa infecção ainda ocorre com frequência considerável e pode estar associada a alta morbidade e mortalidade. Objetivo: Este estudo teve como objetivo apresentar nossa experiência clínico-cirúrgica com os abcessos cervicais profundos. Método: Um estudo retrospectivo realizado em um hospital universitário analisou 101 pacientes, durante seis anos, diagnosticados com abscessos cervicais profundos causados por múltiplas etiologias. Foram incluídos 101 pacientes, sendo que 27 (26,7%) tinham menos de 18 anos (grupo das crianças) e 74 (73,3%) tinham mais de 18 anos (grupo dos adultos). As seguintes características clínicas foram analisadas e comparadas: idade, sexo, sintomas clínicos, área cervical acometida, hábitos de vida, antibioticoterapia, comorbidades, etiologia, cultura bacteriana, tempo de internação, necessidade de traqueotomia e complicações. Resultados: Houve predominância do sexo masculino (55,5%) e de jovens (idade média de 28,1 anos). Todos os 51 pacientes com comorbidade associada eram adultos. As etiologias mais frequentes foram tonsilite bacteriana (31,68%) e infecções odontogênicas (23,7%). As áreas cervicais acometidas mais comuns foram a peritonsilar (26,7%), submandibular/assoalho da boca (22,7%) e os espaços parafaríngeos (18,8%). No grupo das crianças, o local mais comumente envolvido foi o espaço peritonsilar (10 pacientes, 37%). No grupo dos adultos, houve predomínio de acometimento de múltiplos espaços cervicais (31 pacientes, 41,8%). Streptococcus pyogenes foi o microrganismo presente mais comum (23,3%). A amoxicilina associada ao clavulanato foi o antibiótico mais usado (82,1%). As principais complicações dos abscessos foram choque séptico (16,8%), pneumonia (10,8%) e mediastinite (1,98%). A traqueostomia foi necessária em 16,8% dos pacientes. A taxa de mortalidade foi de 1,98%. Conclusão: As características clínicas e a gravidade dos ACP variam de acordo com as diferentes faixas etárias, possivelmente devido à localização da infecção e à maior incidência de comorbidades em adultos. Assim, o ACP em adultos acomete mais facilmente múltiplos espaços, apresenta mais complicações e parece ser também mais grave do que em crianças.
ASSUNTO(S)
abscesso cervical infecção cervical espaços cervicais
Documentos Relacionados
- Cenas de tempos profundos: ossos, viagens, memórias nas culturas da natureza no Brasil
- Infecções dos espaços cervicais: estudo prospectivo de 57 casos
- Infecções cervicais profundas: análise de 80 casos
- Ferimentos cervicais: análise retrospectiva de 191 casos
- Neuropatias do nervo acessório espinhal secundárias a cirurgias cervicais: estudo clínico e eletrofisiológico de sete casos