A transitividade em cartas do leitor à luz do funcionalismo / The transitivity in the genre letter of the reader in the functionalists conceptions of the language

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O objetivo principal deste trabalho é analisar a tendência da organização transitiva no gênero carta do leitor. Para tanto, nos apoiamos nas concepções funcionalistas da linguagem, que consideram a língua em uso, a interação verbal, bem como as intenções comunicativas dos usuários da língua na interação. No que tange à transitividade, os estudos funcionalistas, em geral, afirmam que o fenômeno é sintático-semântico, de abrangência frasal e não se esgota no nível do verbo. O verbo é o núcleo gerador de toda a estrutura argumental da sentença e cada argumento auxilia na constituição transitiva. A transitividade, nesse sentido, organiza a sentença e, conseqüentemente, o texto, o discurso. Portanto, é um fenômeno de cunho organizacional. A partir desse pressuposto, optamos por investigar os usos da transitividade em textos produzidos em ambiente escolar. Nosso corpus é composto de cartas do leitor escritas por alunos de quarta série, do ano de 2003, do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás (CEPAE/UFG). Observamos o fenômeno no gênero carta do leitor e, por isso, consideramos também os pressupostos a respeito de gênero do discurso (BAKHTIN, 2000) e de tipologia textual (ADAM, 2001; MARCUSCHI, 2005). Iniciamos nossa análise verificando, nos textos selecionados para a análise qualitativa, os Estados de Coisas que os verbos representam partindo da noção de dinamismo verbal (DIK, 1997; NEVES, 2000). Constatamos que 40.18% dos verbos denotam ação, 10.50% expressam processo, 21.91% representam posição e 27.39% exprimem estado. Diante desses dados quantitativos, decidimos observar a tendência da transitividade em ocorrências constituídas de verbos de ação, devido à grande recorrência. Dessa maneira, escolhemos sentenças e enunciados com verbos de ação prototípicos e não-prototípicos. Na seção ação prototípica, notamos que, em geral, as ocorrências são formadas com verbos de ação, perfectivos, sujeito humano (ou humanizado) agentivo, intencional. O comportamento dos objetos varia, pois há casos em que o objeto sofre afetamento total, e também há objetos com afetamento parcial. Na seção ação não-prototípica, a estrutura da sentença se assemelha a dos verbos de ação prototípicos. A diferença está no sentido dos verbos, que expressam ações do plano mental, do dizer e no fato de o objeto, em geral, também denotar materialidade nesses planos. Após essa etapa de observação qualitativa da transitividade nas ocorrências, traçamos a relação entre o fenômeno, o gênero carta do leitor e a tipologia textual. Nesse sentido, percebemos que, mesmo em um gênero de opinião, os verbos de ação aparecem em maior quantidade, independentemente do tipo textual que estrutura os textos. Essa recorrência se deve ao fato de os alunos, para fins argumentativos, usarem com freqüência o tipo narrativo, que pede verbos de ação. Desse modo, a organização transitiva das cartas do leitor analisadas tende a alcançar graus mais altos (HOPPER; THOMPSON, 1980). Em outras palavras, a transitividade do corpus pesquisado tende a se aproximar da estrutura transitiva prototípica SN1 Vtrans SN2, em que SN1 é sujeito agente, Vtrans é verbo de ação e SN2 é o objeto paciente.

ASSUNTO(S)

functionalism funcionalismo textual ty-pology tipologia textual transitividade letter of the reader carta do leitor transitivity textual genre gêneros textuais letras

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