A quimera democrática sob o processo de recolonização político-econômica da América Latina: o Brasil sob o império

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Para compreendermos o atual padrão de inserção internacional dos países da América Latina é indispensável retomar os seus antecedentes desde a subordinação decorrente da relação colonial. O percurso histórico que caracteriza a região persiste na submissão ao sistema hegemônico de dominação no sistema-mundo. Passado o período ufanista das concepções de globalização, a presente organização unipolar do sistema internacional - não sem fricções nem crises -, assinala a polarização na apropriação da riqueza e do processo decisório. No âmbito de um “novo imperialismo é possível se pensar que para os países latinos da América está em curso uma “reversão neocolonial”, conforme fora analisado por Florestan Fernandes. Afirmamos que o presente processo recolonizador remete ao aprofundamento da dependência com políticas cada vez mais intervencionistas por parte do país hegemônico que se traduz na incapacidade crescente de elaborar um projeto de desenvolvimento econômico e social independente, na vigência da mundialização do capital, assim como obtura a consolidação de um projeto democrático. Nesse sentido torna-se indispensável contextualizar e analisar a transição democrática na América Latina e atualizar a crítica elaborada por Florestan Fernandes sobre a impossibilidade de transferir as teorias do liberalismo clássico para a realidade da região. É importante enfatizar que os condicionantes externos à realização da democracia ganham força em âmbitos nacionais dos países da região. Pois, a democracia na América Latina é hoje um desígnio da ordem hegemônica ao mesmo tempo em que os setores sociais disputam poder decisório no seu seio; mas, as esperanças nela albergadas, pela ampliação dos seus espaços respaldados na participação social, não são possíveis de se consolidar no âmbito autocrático do projeto neoliberal. O sistema eleitoral de sucessão de representantes funciona mais como controle social, um empecilho para uma ordem social sem exploração. Para se pensar a democracia nos países latinos da América é indispensável superar as perspectivas processuais e retomar a discussão em torno dos caminhos de ruptura com a ordem hegemônica.

ASSUNTO(S)

desenvolvimento economico america latina - aspectos economicos - aspectos sociais sociologia controle social desenvolvimento social democracia

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