A gente chega e se apropria do espaço! Graffiti e pichações demarcando espaços urbanos em Porto Alegre

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Este estudo problematiza práticas culturais de tribos de jovens grafiteiros e pichadores em espaços urbanos de Porto Alegre – RS, entre os anos de 2008 e 2009. Tem como referencial teórico o campo dos Estudos Culturais, da Cultura Visual e busca ferramentas metodológicas da etnografia pós-moderna. O corpus da pesquisa foi construído a partir de fotografias, filmagens, diários de campo, entrevistas e conversas que possibilitaram a construção dos eixos analíticos. O primeiro eixo – Assinaturas rascunhadas num blackbook: esboçando modos de (vi)ver – destacou o uso de cadernos escolares, blocos de desenho e agendas para a realização de esboços iniciais, os quais atuam tanto como espaços para ‗treinamento‘ de letras utilizadas no graffiti como elemento de socialização para a participação em grupos afins. O segundo eixo – Linhas, curvas, cores, poesias e 'kaos': demarcando formas (dis)formes – priorizou as interações dos graffiti e das pichações nos espaços urbanos, atribuindo a tais práticas culturais a localização dos múltiplos interstícios presentes na metrópole. Ao demarcarem territórios, os grafiteiros e pichadores promovem outros mapeamentos urbanos em que o corpo orgânico dos jovens sujeitos e o corpo de concreto da cidade se fundem numa espécie de ‗pele urbana‘. O último movimento analítico – Na fluidez da contemporaneidade: a produção de outras pedagogias – inferiu que, se por um lado, os graffiti e as pichações produzem outras pedagogias que rompem com conceitos formais de educação, por outro, observa-se que suas presenças e usos em espaços institucionais (como escolas, museus e galerias de arte) apontam para uma ‗pedagogização‘ dessas práticas culturais. À guisa de conclusão, compreende-se que, a partir dessas práticas constituídas em meio a uma urbanidade contemporânea, grafiteiros e pichadores atuam em redes sociais móveis, plurais e abertas, reforçando suas condições de ser e estar jovem em contextos contemporâneos. A característica transgressora e ilegal de tais práticas culturais também permitiu uma aproximação às formas plurais de resistências que são manifestadas nos cotidianos juvenis urbanos.

ASSUNTO(S)

cultural studies estudos culturais juventude youth cultures graffiti grafite street writings

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